Ainda estão detidas 293 pessoas, e milhares são monitoradas, na investigação que coloca o Brasil em um dilema, sobre o dia 8 de janeiro de 2023. Data em que uma invasão a prédios públicos, em Brasília-DF, teria causado um prejuízo estimado de R$ 11,4 milhões, com depredações e atos de vandalismo. Números que são ainda uma incógnita, assim como a real estrutura do que foi o próprio evento, de "brasileiros patriotas uniformizados", manifestando supostamente o amor pela nação com uma atitude controversa. E uma informação estranha aparece agora no processo sobre o episódio.

De acordo com documentos compartilhados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, alguns policiais militares do Distrito Federal se esconderam em um banheiro do prédio da Corte, durante toda a confusão. Isso, enquanto agentes da Polícia Judicial buscavam conter os manifestantes que causavam danos no local.

O mesmo relatório da Corte, que traz essa informação, detalha ainda um eventual orçamento para a restauração completa, ou reposição, de todos os 112 bens danificados nesse trágico dia. Projeção também contraditória, uma vez que, parte dos itens estragados na data, roubados ou destruídos, não possuíam um valor estimado. Isso por se tratarem de peças como, por exemplo, lustres de cristal no estilo Napoleão III, datado de 1870, ou relógio Balthazar Martinot, presente da realeza francesa a dom João VI, trazido ao Brasil em 1808.

Desafios de uma investigação que tem pouco acesso a imagens, em virtude da estratégica escolha de vândalos, contratados, ou voluntários, de destruírem boa parte das câmeras de segurança. Sobre essa captação importante, mesmo assim preservada, o jornal “O Estado de S. Paulo” solicitou ao STF, utilizando-se da Lei de Acesso à Informação (LAI), o acesso total aos vídeos do circuito interno da Corte, pedido que foi negado. A resposta foi de que o material seria “de caráter reservado e não podem ser fornecidas a terceiros”. Mas quem seriam os policiais militares do banheiro? E como seguiram 2023?