Política Republicano vence
O que Bolsonaro sentiu ao ser ‘traído’ por Tarcísio de Freitas
Confira no texto de Matheus Leitão sobre o governador de SP e a PEC 45/19
07/07/2023 09h25 Atualizada há 2 anos
Por: Fonte: Veja
Foto: Ricardo Botelho/MInfra

O ruidoso estresse entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era esperado por todos os principais atores políticos em Brasília. É que, vindo do ciumento líder da extrema-direita, já se sabia o que aconteceria. Mas esse contexto não desmerece nem um pouco a magnitude da fratura exposta na direita brasileira.

Se fosse resumido em um meme ou em uma trolagem na internet – esses que os bolsonaristas tanto adoram – seria necessário recorrer ao clássico “Galvão?”; “Fala, Tino”; “Sentiu”. Jair Bolsonaro sentiu! Essa é a verdade. 

Experimentou duas coisas: a vertigem pelo vácuo de não ter mandato – para piorar, estando inelegível e fora das urnas; o peso e a importância da cadeira no Palácio dos Bandeirantes. Daí, e por isso mesmo, o ex-presidente chamou Tarcísio de Freitas de “inexperiente” publicamente na reunião da bancada do PL. “O Tarcísio não tem, com todo o respeito, uma experiência política que muitos de vocês [deputados] têm”, disse Bolsonaro na frente do governador com a certeza de que “se o PL estiver unido não aprova nada”.   

Depois, levou os parlamentares direitistas a vaiarem o governador de São Paulo, que tentava trazer um pouco de senso para essa direita não cooperativa, por assim dizer. “Acho arriscado a direita abrir mão da reforma tributária. Se vocês acham que não é importante, não votem”, respondeu Tarcísio.

Setenta e cinco parlamentares do PL votaram contra, junto com Jair Bolsonaro. Outros 20, contudo, votaram pela reforma tributária, enfileirando-se com petistas, pedetistas, comunistas e… Tarcísio de Freitas. Ou seja, o partido de Bolsonaro, em parte, rachou. Mas quem perdeu? Bolsonaro é o maior derrotado. E Tarcísio? Um dos maiores vitoriosos. 

O governador de São Paulo revelou ter, mais uma vez, enorme noção de timing político ao mudar sua opinião (ele era contra a reforma tributária) aos 45 minutos do segundo tempo. O movimento político foi inteligente porque evitou que o estado paulista fosse aquele que inviabilizaria a tão necessária reorganização dos impostos no Brasil, mesmo com as regiões Sul e Sudeste majoritariamente a favor.

Parabéns – ao governador – por encampar as mudanças no sistema tributário brasileiro. Existem outros vitoriosos, mas isso será pauta para outra coluna. Por enquanto, vale um “Salve, Tarcísio”. 

* Coluna publicada pelo jornalista no Portal da Veja