A justificativa para a votação às pressas, mesmo com a grande maioria dos deputados não terem tido tempo de ler a redação final do projeto, é que qualquer erro ou dúvidas que persistirem, serão consertadas por meio de emendas, observando que o quórum para a aprovação de uma emenda amanhã é bem menor que a da aprovação da PEC hoje. 

Votar hoje é assinar um documento sem o prévio conhecimento do que se trata. Isto só pode ser resultante de uma coisa, do efeito dos novos R$ 6 bilhões da Emenda Pix. 

Os parlamentares foram contemplados com a Emenda Pix que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) empenhou nesta quarta-feira (5). São 6 milhões de reais a mais em emendas individuais de transferência especial para cada deputado. Esta nova modalidade de compra de voto é chamada por técnicos do Orçamento de "emendas PIX” ou "emendas cheque em branco", em referência à dificuldade de rastrear a finalidade do dinheiro. 

Todo este esforço do governo Lula, iniciada desde o início desta semana, com liberações recordes de recursos da união em forma de emendas para os deputados, já surtiu efeito, pois a moção para o adiamento da votação foi derrotada agora a pouco com uma votação de 357 votos a 133, votação esta que já garantiria a aprovação da própria PEC da reforma tributária. 

O Congresso estará dando um cheque em branco a um ex-presidiário, que depois poderá aumentar tributos por decreto, sem passar pelo Parlamento. Deputados que votarem a favor desse absurdo a toque de caixa, como está sendo proposto, merece nunca mais serem eleitos para nada. 

O que me parece é que a Câmara dos Deputados foi sequestrada para promover uma massiva votação favorável à PEC da reforma tributária e por um governo cujo partido sempre se posicionou contra, a boicotando todas as vezes que tentaram fazer a PEC correr na Casa. Veja o que fizeram nestas últimas semanas com a vida particular e muito questionável do Presidente Artur Lyra e o derramamento vergonhoso do dinheiro do povo brasileiro no colo dos parlamentares.

* Pedro Rodrigues é pastor e teólogo. Atua como jornalista, chefe de redação e diretor de rádio.