Justiça Injustiça
"Brasil, Justiça Medieval"
Autista ficou preso por quase sete meses
19/07/2023 14h35
Por: Renato Saito

Comparado somente com as "Naus dos loucos", imaginária narrativa de séculos passados e de reais "castigos" imputados a todo tipo de deficiência mental, como duchas, sangrias e choques, parte da justiça brasileira, em sua plena ignorância ou intenções ocultas, manteve preso um jovem autista com deficiência intelectual.

Jean Brito da Silva de 27 anos (pela idade, poderia ser um filho de ministro) tem TEA - Transtorno do Espectro Autista e ficou preso por quase sete meses acusado pela PGR (vejam o nível de conhecimento) de: associação criminosa armada, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado e dano qualificado, além do crime de deterioração de patrimônio da União. Nem Foucault explicaria.

Um jovem negro, catador de recicláveis, que sonha ser bombeiro em um ato de heroísmo, ajuda a socorrer idosas feridas por bombas de gás; nesse momento é detido e até hoje quando perguntado, não tem a capacidade cognitiva de dizer o porquê de estar preso. Só diz que quer ir para sua casa e tem saudade da família. 

Seria um prato cheio para a turma dos "direitos humanos" para protestos internacionais: negro, pobre, com deficiência, preso por uma arbitrariedade insana de uma ditadura.

Com uma venda nos olhos, como a estátua da deusa Lustitia, essa nata da supremacia que se acha estar acima do próprio Deus, em sua inquestionável ignorância, generaliza todos os tipos de deficiência mental e rotulam como loucos. 

Isso só pode vir de uma mente maligna e elucubrante de um etílico-dependente.

O herói dessa triste história sai da prisão com uma corrente no pé, uma tornozeleira para ser monitorado como um cão, por aqueles sedentos de poder.

Caso os senadores e deputados por conveniente omissão não cobrarem essa situação, há uma justiça superior que cobrará tudo isso, com juros.

 

*Renato Saito é apóstolo, jornalista e escritor.