Após os maiores representantes do PL (Partido Liberal) serem alvo de investigações da Polícia Federal, a tensão sobre a oposição ao governo no Congresso Nacional ficou mais intensa.
A PF (Polícia Federal) deflagrou nesta quinta-feira (8) operação para apurar tentativa de golpe de Estado e abolição de Direito. O esquema teria sido armado por autoridades e militares que contestavam o resultado das eleições presidenciais de 2022. Entre os investigados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que foi preso ontem também.
A operação ocorre semanas após a PF mirar outros dois nomes ligados ao partido. Carlos Jordy (PL/RJ), líder da oposição na Câmara, foi alvo de mandado de busca e apreensão na operação que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
O também deputado federal Alexandre Ramagem (PL/RJ) teve endereços investigados por agentes da PF na operação que apura esquema de espionagem ilegal na Abin (Agência Brasileira de Inteligência), órgão liderado por Ramagem durante o governo Bolsonaro.
Outro nome ligado ao ex-presidente foi alvo de diligências da PF: o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos/RJ), investigado no inquérito sobre a Abin. O político tem se aproximado do PL. Ele foi convidado por Valdemar para chefiar o diretório da sigla no Rio de Janeiro e coordenar as eleições municipais no estado neste ano.
A oposição tem enfrentado um momento crítico, com seus mais importantes líderes na mira da PF. Parlamentares defendem a narrativa de que estão sendo perseguidos pelo judiciário – especialmente pelo ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que autorizavam as investigações.
Logo após a operação contra Bolsonaro e seus aliados, o primeiro líder do PL a se pronunciar publicamente foi Carlos Portinho (PL/RJ), que lidera a sigla no Senado Federal. Ele afirmou que o inquérito “acua, persegue, silencia e aplaca a oposição”. O líder do partido na Câmara, Altineu Cortes (PL/RJ), não fez pronunciamentos públicos sobre o caso.
Uma coletiva de imprensa no Senado foi feita pelos parlamentares de oposição no fim da tarde para falar sobre o caso. Rogério Marinho (PL/RN), líder da oposição na Casa Alta, alegou que as recentes operações autorizadas por Moraes são um “contorcionismo para inibir a oposição”.
Marinho argumentou que “o que era excepcional está sendo banalizado”. “O princípio do juízo natural, da imparcialidade, da impessoalidade, o devido processo legal está sendo deixado de lado em nome da defesa da democracia, e isso fragiliza a democracia brasileira”, avaliou.
“Não é possível nós assistirmos a uma investigação em que claramente aquele que é a pretensa vítima dessa ação é quem conduz o inquérito. Não é possível imaginarmos que há imparcialidade neste processo”, ressaltou Marinho, em referência a Moraes.
Silêncio do Planalto
O Palácio do Planalto adotou a postura do silêncio diante da operação contra Bolsonaro. A situação foi diferente no fim de janeiro, quando a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos/RJ).
Na ocasião, a conta do governo do Brasil publicou um alerta sobre o aumento dos casos de dengue pelo país, com a legenda: “Toc, toc, toc”. O som se tornou um meme nas redes sociais para indicar a batida da PF em casas que foram alvo de mandados de busca e apreensão.
“Quando os agentes comunitários de saúde baterem à sua porta, não tenha medo, apenas receba-os”, constava na publicação. A Secretaria de Comunicação do governo foi acusada de ironizar a investigação contra o filho do ex-presidente.
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*Com informações Metrópoles