Uma agenda apreendida durante a Operação Sucessione que cumpriu mandados de prisão contra envolvidos na organização criminosa na disputa do jogo do bicho, que conforme o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que era liderada pelo deputado estadual Neno Razuk (PL), tinham nomes que estariam marcados para morrer.
A agenda pertencia ao major aposentado da Polícia Militar, Gilberto Luiz dos Santos, conhecido como ‘Barba’. Ele foi flagrado na casa do Monte Castelo, o major teve uma agenda apreendida, onde havia anotações de nomes de ‘recolhes’ do grupo rival que eram alvos da organização liderado por Neno.
Na agenda apreendida foi descoberto ao menos três ‘apelidos’ de pessoas que estavam marcadas para ‘pular’, ou seja, morrer. Na agenda de ‘Barba’ tinham três apelidos: ‘Betinho’, ‘Joel’ e ‘Déia’.
Na outra agenda de ‘Barba’, os nomes de recolhes estavam marcados para ações de intimidação e também havia todo o esquema do grupo rival de São Paulo que comanda o jogo do bicho em Campo Grande, que é alvo de disputa pelo grupo do deputado Neno Razuk.
De acordo com a denúncia do Gaeco, ‘Barba’ exerce um controle sobre os integrantes do grupo criminoso no que diz respeito às articulações da organizaçao criminosa para a tomada do controle do jogo do bicho em Campo Grande, sempre atendendo aos comandos do deputado estadual Neno Razuk.
Major Gilberto lidava ostensivamente com intermediários, oferecendo treinamento, controlando a ação dos ‘recolhes’ e ‘apontadores’ do jogo do bicho, sem comprometer a imagem do chefe da organização, apontado pelo MPMS como sendo Neno Razuk.
Quando foi preso em outubro de 2023 na casa do Monte Castelo, onde foram apreendidas 700 máquinas do jogo do bicho, o major havia dito que estava na residência jogando com outras pessoas.
A casa em que o grupo foi encontrado em outubro havia sido alugada por um casal, que serve de base para a organização criminosa em apoio logístico. O aluguel da residência foi acordado em R$ 2.500.
Em dezembro de 2023, em denúncia apresentada contra o deputado estadual Neno Razuk (PL), Roberto Razuk Filho, e outros 14 envolvidos com o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul foi recebida pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, na 4ª Vara Criminal do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
Consta na denúncia que Neno Razuk comprou uma casa, onde os membros da organização criminosa se reuniam todas as segundas, quartas e sextas-feiras. Um dia antes das máquinas do jogo do bicho serem apreendidas no Monte Castelo, foi decidido em uma dessas reuniões que eles ‘iriam para cima’ dos concorrentes.
Ainda segundo a denúncia, um veículo Volkswagen Polo, de cor branca, havia sido alugado para cometer os roubos dos malotes. Foram três malotes roubados de ‘recolhes’ do grupo rival, num total de R$ 15 mil.
Com os roubos, o grupo liderado por Neno tinha como objetivo trazer os ‘recolhes’ e apontadores de São Paulo para a organização, e por isso, os assaltos sempre vinham com ameaças aos membros do grupo rival.
Os veículos usados nos roubos aos malotes eram um Volkswagen Polo, um Fiat Pálio e um Hyundai HB20. Ainda segundo a denúncia, o grupo que seria liderado por Neno estava oferecendo além de R$ 4 mil para os ‘recolhes’ mais uma comissão de 5%.
A denúncia fala que “é representativo de uma reunião extraordinária da organização criminosa com todos os responsáveis pelos crimes, para discussão específica sobre fatos que motivaram as práticas (disputa pelo monopólio do jogo do bicho), resultados, planos de contingências, entre outros.”.
“Esse comportamento denota expertise do grupo criminoso na atividade ilícita, na medida em que permite que as discussões sobre a prática de crimes ocorram pessoalmente, sem deixar rastros em aparelhos celulares ou permitir a captação das conversas pelo Estado por interceptação telefônica etc., o que resulta da participação de pessoas acostumadas com investigações criminais (policiais).”, diz a denúncia do Gaeco.
No dia anterior ao flagrante feito pelo Garras, na casa do Monte Líbano, o grupo havia se reunido definindo que ‘iriam para cima’ dos concorrentes. O major teria participado de um dos roubos dos malotes do grupo rival.
Major Gilberto Luiz foi preso na primeira fase da Operação Sucessione, quando foram expedidos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Os mandados de prisão foram cumpridos em Campo Grande e Ponta Porã.
O deputado Neno Razuk (PL) foi alvo da operação que cumpriu contra ele um mandado de busca e apreensão. Na casa do deputado foram apreendidos celulares, uma pistola e um tablete do filho de Neno Razuk.
*Com informações Midiamax