Brasil Disputa
Lira eleva o tom contra o governo em prévia da disputa pela presidência da Câmara
Lira não ficou satisfeito com essa interpretação e trouxe à tona uma tensão com o governo Lula
12/04/2024 09h49
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A próxima eleição para as mesas diretoras do Congresso ocorrerá apenas no início do próximo ano, mas a disputa pelos cargos de liderança já está afetando a agenda legislativa e as relações entre os Poderes da República.

Neste contexto, votações diárias - especialmente na Câmara - estão sendo vistas em Brasília como demonstrações de poder ou fraqueza de cada grupo político. Isso ficou evidente na decisão de manter a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, que alguns observadores interpretaram como uma derrota para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Lira não ficou satisfeito com essa interpretação e trouxe à tona uma tensão com o governo Lula, que vinha se intensificando nos bastidores.

“Essa notícia hoje, que você está tentando verbalizar, porque os grandes jornais fizeram, foi vazada do governo e basicamente do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, incompetente. Não existe partidarização, eu deixei bem claro que ontem a votação era de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver”, disparou Lira em referência ao ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.

Padilha é o principal articulador do governo Lula com o Congresso.

O atual presidente da Câmara não pode mais concorrer à reeleição e busca apoiar um aliado para o próximo biênio (2025-2026). Um dos favoritos de Lira é o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA). No entanto, esse potencial sucessor de Lira articulou e votou a favor da libertação de Brazão, associando-se assim a essa derrota, o que seus oponentes estão tentando explorar.

Governo Federal

Sem uma maioria na Câmara, o PT de Lula não tem capacidade de concorrer pelo controle da Casa e provavelmente irá apoiar um aliado do Centrão. Entretanto, no governo, o nome do candidato favorito de Lira enfrenta resistência, e outros parlamentares têm trabalhado para garantir o futuro apoio de Lula, que ainda reluta em se envolver diretamente na disputa. Entre os "pré-candidatos" estão os deputados Antônio Brito (PSD-BA), Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Demonstrando a intensificação das tensões, o aumento do tom do presidente da Câmara provocou uma rápida reação entre os ministros do governo Lula e também entre os aliados do petista no Congresso Nacional, como o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).

“Tenho muito orgulho de ser liderado pelo ministro Padilha na coordenação política do governo, que tem obtido tantas vitórias importantes nas batalhas diárias de reconstrução do Brasil”, escreveu Randolfe na rede social X, antigo Twitter.

A eleição para a presidência da Câmara é conduzida por voto secreto a cada dois anos. Arthur Lira foi eleito pela primeira vez em 2021 e reeleito em 2023, mas atualmente está em busca de um sucessor para garantir que seu grupo político mantenha o controle da agenda legislativa.

Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias.