Brasil Doações
Proprietários de empresas de ônibus vinculadas ao PCC fizeram doações ao PT
O MP acusa as duas empresas de participarem de um esquema de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas em São Paulo
12/04/2024 11h27
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

Cinco alvos da Operação Fim da Linha, que investiga suspeitas de envolvimento de duas empresas de ônibus de São Paulo com o Primeiro Comando da Capital (PCC), contribuíram financeiramente para o diretório municipal do antigo DEM e para um ex-vereador do PT durante as eleições de 2020. O diretório era liderado pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil). Os políticos enfatizam que as doações foram devidamente declaradas e não configuram irregularidades.

Entre os investigados pelo Ministério Público (MP), estão Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como "Pandora", presidente da Transwolff, e Robson Flares Lopes Pontes, diretor da Cooperpam. Ambos foram presos preventivamente em 9 de abril. O MP acusa as duas empresas de participarem de um esquema de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas em São Paulo. Outra empresa envolvida é a UPBus. Todas as empresas foram alvo de intervenção pela Prefeitura de São Paulo.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), "Pandora" fez uma doação de R$ 75 mil para a campanha de reeleição do vereador Antonio Donato (PT), atualmente deputado estadual em São Paulo. Em 2016, Donato também recebeu uma doação de R$ 10 mil de Jeová Santos da Silva, outro denunciado pelo MP. Donato, um dos coordenadores de campanha do pré-candidato a prefeito Guilherme Boulos (Psol), afirmou que as doações foram feitas legalmente e registradas na Justiça Eleitoral. Ele também disse que não estava ciente de nenhum problema com a Justiça envolvendo os doadores na época das doações.

Outros investigados contribuíram com doações para o diretório municipal do Democratas, que posteriormente se fundiu com o PSL para formar o União Brasil. O diretório era presidido por Milton Leite, atual presidente da Câmara Municipal de São Paulo e um dos principais aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O DEM da cidade de São Paulo recebeu R$ 50 mil de Moisés Gomes Pinto e R$ 40 mil de Cícero de Oliveira, sócios da Transwolff, que estão sob investigação do MP e foram afastados da diretoria da empresa por ordem judicial.

Milton Leite também destacou, por meio de nota, que todas as doações ao partido foram realizadas de acordo com a lei e devidamente declaradas à Justiça Eleitoral, que avaliou as contas como regulares.

O DEM também foi beneficiado com uma doação de R$ 60 mil de Edimar Martins Silva, supostamente identificado como uma espécie de "laranja" da empresa no suposto esquema criminoso. Embora não esteja na lista dos 29 denunciados pelo Ministério Público, Edimar teve seus bens bloqueados. Além disso, outras pessoas ligadas à Transwolff contribuíram financeiramente para o partido, embora não tenham sido mencionadas diretamente na denúncia do MP. Considerando todas essas contribuições, o DEM arrecadou um total de R$ 210 mil.

A análise da prestação de contas do DEM ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que os recursos provenientes dessas doações foram destinados a candidatos específicos. Um deles é o vereador Adilson Amadeu (União Brasil), que recebeu uma doação de R$ 50 mil de Moisés Gomes Pinto. Amadeu esclareceu que as contribuições foram repassadas pelo partido de maneira indireta e em conformidade com a legislação vigente.

Marcelo Elias Cury, jornalista, também recebeu contribuições de Robson Pontes, da Cooperpam, e de Edimar Martins Silva. Cury concorreu sob o pseudônimo "Xerife Marcelo Cury" nas eleições, porém não foi localizado para comentar sobre o assunto.

O presidente da Câmara, Milton Leite, recebeu uma quantia de R$ 300 mil do diretório municipal do DEM, contudo, os recursos foram declarados como provenientes do fundo partidário. Sandra Tadeu (PL) também foi beneficiária de R$ 115 mil provenientes da representação do partido na cidade. Além deles, o partido também conseguiu eleger Ricardo Teixeira e Eli Corrêa (União Brasil) nas eleições.

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*Com informações Terra Brasil