Os aeronautas pararam suas atividades em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Fortaleza, reivindicando reajuste salarial acima da inflação e melhores condições de trabalho, pelo quarto dia consecutivo.
No Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), foram quatro atrasos e um cancelamento. Já em Viracopos, em Campinas (SP), um voo da empresa Gol registrou atraso de duas horas. Duas chegadas foram canceladas, segundo explicou o aeroporto, em nota, "por motivos operacionais das companhias aéreas, sem impacto da greve".
Um dos pontos estratégicos da malha aeroviária brasileira, Brasília teve 32 voos cancelados até o fim da tarde de ontem, incluindo partidas para Uberlândia (MG), Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) — "todos eles por conta da meteorologia adversa na localidade", de acordo com boletim da Inframerica, que faz a gestão do terminal da capital do país.
No Aeroporto Juscelino Kubitschek, profissionais da categoria se reuniram em frente ao embarque doméstico das 6h até às 8h, como vem sendo de praxe. A Infraero informou que, durante a manhã, foram nove atrasos e 12 cancelamentos em Congonhas e quatro atrasos e 19 cancelamentos no Aeroporto Santos Dumont, na capital fluminense.
Há poucos dias do Natal, milhares de brasileiros se deslocam em viagens de férias ou vão ao encontro de familiares. A empresa aérea Latam informou, em nota, que operava normalmente, com "apenas alguns impactos pontuais em voos com saída na manhã desta quarta-feira" e garantiu que passageiros afetados com a greve poderão remarcar gratuitamente as viagens, ou, em caso de desistência, solicitar o reembolso dos bilhetes.
"A companhia ressalta que está em negociação com o Sindicato Nacional dos Aeronautas desde o início de setembro para construção do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e aguarda a convocação de Assembleia pelo Sindicato para votação dos tripulantes da Latam".
A Gol, por sua vez, garantiu que todos os trajetos previstos foram operados, e "apenas alguns sofreram atrasos". A recomendação da empresa é que os clientes acompanhem o status do voo no portal da companhia aérea. A Azul foi questionada pelo Correio sobre o impacto da paralisação na operação de ontem, mas não quis comentar.
Determinação
Na última semana, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou a manutenção de 90% dos aeronautas em serviço no caso de greve da categoria. A decisão atende à ação judicial do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) contra o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).
No último domingo, a classe rejeitou a proposta para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho 2022/2023. O SNA aponta que 76,43% votaram contra a proposta, 22,91% foram favoráveis, e 0,66% se abstiveram. Participaram da assembleia on-line 5.767 votantes.
A oferta recusada incluía correção de 100% INPC nos salários fixos e variáveis mais 0,5% de aumento real, a incidir sobre diárias nacionais; piso salarial; seguro; multa por descumprimento da Convenção; e vale-alimentação.
Em live reportando o terceiro dia de greve, o presidente do SNA, Henrique Hacklaender, anunciou a adesão ao protesto em outras cidades, com voos internacionais tendo sido afetados. No entanto, o sindicato listou, em nota, os mesmos nove aeroportos impactados e afirmou não ter dados sobre os destinos específicos das viagens prejudicadas.