Brasil OAB
OAB contesta decisão de Moraes sobre monitoramento de Ronnie Lessa em presídio de São Paulo
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil argumenta que medida viola inviolabilidade de conversas entre advogados e presos
20/06/2024 11h53
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) posicionou-se de forma crítica contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o monitoramento de áudio e vídeo do ex-policial militar Ronnie Lessa no Presídio de Tremembé, em São Paulo. Lessa é acusado de ser o autor do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.

De acordo com informações apuradas pelo O Antagonista, em uma petição, a assessoria jurídica da OAB argumentou que essa medida fere as prerrogativas constitucionais da inviolabilidade das conversas entre advogados e presos.

"O monitoramento dos diálogos entre o custodiado e seu advogado atenta contra o caráter pessoal e reservado da conversa. A ampla defesa não se faz presente quando desrespeitada a inviolabilidade das conversas entre advogados e presos, sendo inadmissível num Estado Democrático de Direito que garantias não sejam observadas em nome de uma maior eficácia da repressão", afirmaram os representantes da OAB na petição.

Além disso, o Conselho Federal enfatizou a necessidade de ajustar a decisão judicial para assegurar que Lessa tenha acesso ao seu advogado de forma reservada, conforme estabelecido na Lei Federal 8.906/94, que regula o exercício da advocacia no Brasil.

O artigo 7º dessa lei garante ao advogado o direito de "comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis".

Na decisão proferida na segunda-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes ordenou que o monitoramento de Ronnie Lessa inclua "comunicações verbais e escritas, das celas e nos momentos de visitas de familiares e de atendimento advocatício", medida que tem gerado controvérsias no meio jurídico e entre os defensores dos direitos individuais.

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