Economia Impostos
Haddad defende cobrança de impostos para super-ricos e reitera: “Quem não paga imposto tem que voltar a pagar”
Ministro da Fazenda propõe novas reformas tributárias e culpa Congresso por falhas fiscais, enquanto enfrenta desafios para implementar medidas eficazes
25/07/2024 11h42
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

Em recente entrevista à Globo News, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou o compromisso do governo Lula com o equilíbrio fiscal e a justiça social, mas sua fala levantou questões sobre a efetividade e a equidade de suas propostas. Segundo Haddad, a administração atual está determinada a adotar todas as medidas necessárias para “colocar o país em ordem”, com foco em garantir que “o pobre esteja no orçamento” e que “quem não paga imposto volte a pagar”. No entanto, a falta de um plano concreto e a abordagem voltada para os mais ricos podem gerar mais controvérsias do que soluções.

Discurso vs. realidade

Haddad anunciou a intenção de apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva novas propostas para a segunda etapa da reforma tributária, que visam melhorar a distribuição de renda e ajustar as taxas de isenção e alíquotas do imposto sobre consumo. A criação de uma Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária foi destacada como uma medida para enfrentar a complexidade do sistema fiscal. No entanto, essas propostas ainda estão no campo das intenções, e o ministro não forneceu detalhes sobre como essas mudanças serão implementadas e quais serão seus impactos reais.

A crítica ao Congresso pelo não cumprimento da meta de déficit zero também reflete um problema estrutural na articulação política e na capacidade de efetivar reformas significativas. A responsabilidade pelo fracasso na aprovação de medidas importantes, como o fim da desoneração da folha de pagamento, é atribuída ao Legislativo, mas isso levanta questões sobre a capacidade do governo de negociar e liderar reformas essenciais.

Impostos para super-ricos: Uma solução viável?

Durante a apresentação no G20, Haddad reforçou a necessidade de taxar grandes fortunas, citando um estudo do economista Gabriel Zucman. A proposta de um imposto de 2% sobre os super-ricos, que poderia gerar entre R$ 1,4 trilhões a nível global, é apresentada como uma solução para enfrentar a fome e a pobreza. No entanto, a implementação dessa medida enfrenta desafios significativos, incluindo a resistência política e a dificuldade em estruturar um sistema eficiente de arrecadação e fiscalização.

Embora a proposta para a criação de um imposto sobre grandes fortunas seja bem recebida em teoria, a prática de garantir que os super-ricos efetivamente contribuam de maneira justa ainda está longe de ser realidade. A contratação de Zucman para elaborar um plano específico pode ser vista como uma medida positiva, mas também levanta questões sobre a real capacidade do governo de transformar intenções em ações efetivas e gerar mudanças substanciais.

Conclusão: Uma visão crítica

O discurso de Fernando Haddad sobre justiça social e reforma tributária demonstra um desejo de enfrentar desigualdades e melhorar a distribuição de renda. No entanto, a eficácia de suas propostas e a capacidade do governo de implementar reformas concretas e impactantes permanecem em dúvida. Enquanto o ministro apresenta uma visão ambiciosa, a realidade das medidas propostas e a capacidade do governo de lidar com a oposição política e estrutural são fatores cruciais que determinarão se as promessas de justiça social e equilíbrio fiscal se concretizarão ou se permanecerão apenas no campo das boas intenções.

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