A reeleição do presidente Nicolás Maduro, anunciada no último domingo (28), gerou uma onda de protestos e confrontos em todo o país, especialmente em Caracas e em bairros populares, um fenômeno inédito desde a ascensão do chavismo ao poder. As manifestações, que começaram imediatamente após o resultado das eleições, têm resultado em violência e repressão severa.
Os protestos começaram após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarar Maduro vencedor com 51% dos votos, frente a 44% do candidato opositor, Edmundo González Urrutia. A oposição contesta o resultado, alegando que, com base nas atas de votação disponibilizadas, González teria recebido 70% dos votos. Além disso, a ausência de divulgação completa das atas eleitorais gerou ainda mais desconfiança e tensão.
Violência e mortes durante os protestos
Os confrontos entre manifestantes e forças de segurança têm sido intensos, com relatos de pelo menos uma morte ligada às manifestações, e o jornal espanhol El Mundo citando até sete óbitos em todo o país. A ONG Foro Penal confirmou uma morte no estado de Yaracuy, e o jornal El País relatou outra em Zulia, enquanto o argentino La Nación mencionou uma vítima em Maracay. Em Caracas e Carabobo, foram ouvidos disparos com armas de fogo, além de gás lacrimogêneo e balas de borracha disparados contra os manifestantes.
A repressão policial tem dificultado a verificação precisa dos números de mortos e detidos. A situação tem sido agravada pela crescente violência e pelo cerco às sedes diplomáticas, incluindo a da Argentina, onde colaboradores da oposição, como María Corina Machado, estão refugiados há semanas.
Reação internacional e medidas de retaliação
A comunidade internacional tem reagido com cautela e questionamentos. Países como Estados Unidos, Brasil e Colômbia têm manifestado dúvidas sobre a legitimidade do processo eleitoral. A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou uma reunião extraordinária para revisar os resultados, a pedido de vários países latino-americanos, incluindo Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Em resposta às críticas, o governo venezuelano expulsou o pessoal diplomático de sete países e anunciou a suspensão dos voos para o Panamá e a República Dominicana a partir de quarta-feira (31). O Panamá, sendo um importante ponto de entrada para a Venezuela, e a República Dominicana, que serve como conexão crucial para os Estados Unidos, são alvos diretos das medidas de retaliação.
Futuro da crise política
A crescente repressão e as retaliações internacionais indicam um cenário de instabilidade e tensão crescente. A disputa sobre a legitimidade da eleição e a resposta dura do governo venezuelano refletem uma crise política profunda, com implicações sérias para a estabilidade interna e para as relações internacionais do país. A comunidade internacional continuará a monitorar a situação de perto, na esperança de que a crise possa ser resolvida de maneira pacífica e transparente.
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*Com informações Metrópoles