O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu liminarmente a eficácia de parte da Lei da Improbidade Administrativa, atendendo a pedido feito pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), na tarde de terça-feira (27). A entidade ajuizou uma ação atacando alterações sancionadas em outubro de 2021.
Conforme a decisão de Moraes, estão suspensas as disposições da lei que:
Foi alterada a interpretação de um dos dispositivos da Lei de Improbidade que afasta a sua aplicação no caso de recursos públicos de partidos políticos, onde se lê que os partidos “serão responsabilizados” será alterado para “poderão ser responsabilizados, mas sem prejuízo da incidência da Lei de Improbidade Administrativa”.
Ainda nesta terça foi expedido ofício comunicando a decisão às presidências da Câmara e do Senado. Contudo, ainda não foi juntado ao processo o comprovante de recebimento dos expedientes. A decisão de Moraes tem validade imediata.
A mudança mais polêmica que foi acrescentada à Lei de Improbidade em outubro de 2021 é a exigência de dolo para a caracterização do ilícito, excluindo do alcance da norma danos causados por imperícia, imprudência ou negligência dos agentes públicos. Contudo, apesar do pedido da Conamp, esse ponto não está entre os dispositivos suspensos pela decisão.
A associação argumentou que as mudanças suprimem a possibilidade de responsabilização dos atos de improbidade e eliminam “a efetiva proteção ao patrimônio público”. Para defender a maior amplitude da sanção de perda de cargos, a entidade apontou que a mudança sancionada é inconstitucional, porque a Carta Magna estabelece de forma explícita que “atos de improbidade importarão em perda da função pública, de forma ampla”.
Como a decisão de Moraes tem caráter liminar, ela pode ser revertida ou alterada até o final do processo. A determinação do ministro é passível de recursos internos e o próximo trâmite do processo será ouvir as entidades legislativas.