Economia Juros
Copom indica possível aumento da Selic: "Não hesitaremos em elevar juros se necessário"
Em Ata, Comitê reforça risco inflacionário e destaca a importância da vigilância cautelosa
07/08/2024 08h49
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

Na ata divulgada nesta terça-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixou claro que não hesitará em aumentar a taxa Selic se necessário para combater a inflação. A reunião de julho, que decidiu manter a taxa básica de juros em 10,50% ao ano, marcou um tom mais rigoroso em comparação com as reuniões anteriores.

Aumento da Selic em Perspectiva

O documento revelou que todos os diretores do Banco Central estão alinhados em relação à possibilidade de elevação dos juros. A decisão será avaliada com base na evolução das condições econômicas, incluindo a persistente valorização do dólar, que atualmente está em torno de R$ 5,70. A próxima reunião do Copom, programada para os dias 17 e 18 de setembro, pode trazer novas definições sobre a taxa Selic.

Cenário econômico e expectativas

O Copom expressou preocupações com a deterioração dos cenários interno e externo, o quadro fiscal e o aumento dos riscos inflacionários. A ata revelou que a frequência da palavra "risco" aumentou de seis em junho para 11 em julho, destacando a intensificação da vigilância sobre a inflação. A mensagem central do documento é que o Comitê está preparado para ajustar a política monetária conforme necessário para garantir a convergência da inflação à meta.

Reações do mercado

Especialistas já começaram a ajustar suas previsões com base na ata. Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, prevê que o Banco Central manterá a cautela antes de tomar uma decisão sobre o aumento da Selic, aguardando mais informações para garantir que qualquer ajuste seja apropriado para as condições econômicas atuais. Por outro lado, Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, acredita que, se o câmbio continuar a não reagir, um ciclo de alta na taxa de juros pode ser inevitável a partir de setembro.

Preocupações fiscais e câmbio

O Copom também enfatizou a importância de uma política fiscal sustentável e destacou o impacto potencial do aumento dos gastos públicos e da falta de reformas estruturais sobre a política monetária. A ata mencionou que a percepção dos agentes financeiros sobre a política fiscal e a estabilidade da dívida pública pode influenciar a taxa de juros neutra da economia.

Projeções de inflação

O Comitê elevou a taxa de câmbio para o dólar em suas projeções e reiterou que o horizonte relevante para a política monetária é de seis trimestres, até o primeiro trimestre de 2026. As previsões de inflação do mercado foram ajustadas para 4,12% em 2024 e 3,98% em 2025, ainda acima da meta de 3%.

Com a comunicação firme do Copom, o mercado e os analistas estão atentos às próximas decisões e dados econômicos que poderão influenciar a política monetária e a trajetória da taxa Selic.

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*Com informações Correio Braziliense