Um avião da VoePass, que caiu em Vinhedo na última sexta-feira (9/8), enfrentava sérios problemas antes do acidente, segundo denúncias de ex-funcionários e informações obtidas pelo programa Fantástico, da TV Globo. A aeronave ATR-72-500, que esteve em manutenção por quatro meses, estava marcada por falhas significativas tanto hidráulicas quanto estruturais.
Relatórios oficiais indicam que, em 11 de março deste ano, o ATR sofreu um "contato anormal" com a pista durante o pouso entre Recife e Salvador. O incidente causou um "dano estrutural" significativo à cauda do avião. Especialistas, incluindo o comandante Ruy Guardiola, destacam que tais danos estruturais devem levar a uma revisão rigorosa antes que a aeronave seja liberada para voo.
Guardiola, que possui vasta experiência com o ATR, levantou sérias preocupações sobre a manutenção realizada pela VoePass. “Teve dano estrutural. Que tipo de correção foi efetuada pelo grupo VoePass na sua manutenção, para disponibilizar a aeronave a voo?”, questionou ele.
Após o incidente, o avião permaneceu em Salvador até 28 de março e foi então enviado para a oficina da VoePass em Ribeirão Preto (SP). Somente em 9 de julho foi novamente utilizado, mas apresentou problemas de despressurização em um voo subsequente. A aeronave foi então enviada de volta para reparos e só retornou ao serviço comercial em 13 de julho.
Além dos danos estruturais e problemas hidráulicos, foram relatadas falhas no ar-condicionado e preocupações com o sistema antigelo da aeronave. Guardiola relatou que a solução para um problema no sistema de aquecimento envolveu o uso improvisado de um palito de fósforo. “Eu vi com esses olhos que a terra há de comer”, disse ele.
Especialistas também levantaram a hipótese de que gelo nas asas poderia ter contribuído para o acidente, com base em boletins meteorológicos e um incidente semelhante ocorrido nos Estados Unidos há 30 anos.
A investigação oficial ainda está em seus estágios iniciais, com técnicos do Cenipa, da VoePass e especialistas internacionais analisando os dados. Em resposta ao Fantástico, a VoePass afirmou que as informações relacionadas à investigação serão restritas às autoridades competentes e que a aeronave estava "aeronavegável" e atendia às exigências regulatórias. A empresa também garantiu que está comprometida em apoiar as famílias das vítimas e em cumprir as legislações trabalhistas.
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