O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o governo de Nicolás Maduro na Venezuela possui um "viés autoritário", mas negou que se trate de uma "ditadura". Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira (16), Lula declarou que apenas reconhecerá a possível reeleição de Maduro se houver comprovação de que a eleição foi limpa.
“Acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Não acho que seja uma ditadura, é diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas ditaduras nesse mundo,” afirmou Lula.
O presidente brasileiro também manifestou sua discordância com a nota oficial do Partido dos Trabalhadores (PT) que reconheceu a reeleição de Maduro, referindo-se ao líder venezuelano como "presidente Nicolás Maduro, agora reeleito". A nota ainda incentivava Maduro a continuar o diálogo com a oposição. Lula destacou que não compartilha dessa visão.
“Não concordo com a nota, não penso igual a nota, mas não sou da direção do PT,” comentou o presidente. “O que eu estou pedindo para poder reconhecer é saber se foi verdade os números. Cadê a ata? Cadê a aferição das urnas?”
Lula enfatizou a necessidade de provas concretas para validar a eleição, mencionando que tanto a oposição quanto Maduro clamam vitória sem apresentar evidências. “A oposição logo diz: Eu ganhei. E o Maduro logo diz: Eu ganhei. Mas ninguém tem prova. A oposição tem que mostrar as atas para mostrar o resultado. Eles disseram que tiveram 60% do resultado. O Maduro disse que teve 61%. Então, mostra.”
Em conversa com Maduro, Lula sublinhou a importância de um pleito transparente para que o mundo reconheça a eleição como legítima. “Ele falou que ia fazer,” revelou o petista.
Para monitorar o pleito venezuelano, o governo brasileiro enviou Celso Amorim, assessor especial do Palácio do Planalto para assuntos internacionais. Lula informou que houve inicialmente uma resistência por parte do governo venezuelano em permitir a viagem de Amorim, mas após insistência, ele foi autorizado a entrar no país.
O presidente brasileiro também sugeriu a realização de novas eleições na Venezuela, ideia que foi rejeitada tanto pela oposição quanto por Maduro. Lula expressou seu desejo de que a Venezuela obtenha um “processo de reconhecimento internacional”, mas ressaltou que isso depende unicamente do próprio país.
Em relação ao reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela em 2019 por parte da União Europeia e dos Estados Unidos, Lula criticou a decisão, classificando-a como precipitada e incorreta. Apesar das tensões na Venezuela, Lula não acredita na possibilidade de uma guerra civil, mencionando a disposição de vários países em ajudar a manter a paz na América do Sul.
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*Com informações Jovem Pan