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Vazamento no STF: Suspeitas cercam celular de perito e uso extraoficial do TSE por Moraes
Aliados do ministro temem que mensagens sobre relatórios de bolsonaristas tenham vazado do celular de Eduardo Tagliaferro, enquanto a SSP-SP confirma investigação do caso
16/08/2024 12h45
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

Nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF), cresce a suspeita sobre o vazamento de mensagens de WhatsApp que indicam o uso extraoficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo informações reveladas pela coluna de Igor Gadelha no Metrópoles e pelo jornal Folha de S. Paulo, as mensagens mostram que Moraes solicitava relatórios sobre bolsonaristas investigados no STF fora do rito oficial.

De acordo com o jornal, as ordens do ministro eram transmitidas por meio de um grupo de WhatsApp pelo desembargador Airton Vieira, juiz auxiliar de Moraes, ao perito Eduardo Tagliaferro, então chefe do setor de combate à desinformação da Corte Eleitoral. O material teria sido obtido com fontes que acessaram o conteúdo de um telefone, negando qualquer interceptação ilegal ou ação hacker.

A principal suspeita dos aliados de Moraes é que as mensagens foram vazadas através do celular de Tagliaferro. A dúvida gira em torno de se o próprio perito teria vazado as informações ou se o conteúdo foi extraído sem sua autorização. A situação se complicou após a prisão de Tagliaferro em maio de 2023, sob suspeita de violência doméstica, quando seu celular foi apreendido pela Polícia Civil de São Paulo.

O celular foi entregue à delegacia seccional de Franco da Rocha por uma pessoa próxima ao perito e devolvido seis dias depois, lacrado e sem a senha fornecida. O aparelho estava desligado no momento da apreensão e o registro de entrega não contém detalhes sobre a recuperação de dados.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Caieiras e relatado ao Poder Judiciário em maio de 2023. A SSP-SP afirmou que detalhes adicionais devem ser solicitados ao Poder Judiciário.

A nota da SSP-SP destaca: “O caso citado foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Caieiras e relatado ao Poder Judiciário em maio de 2023. Demais detalhes devem ser solicitados ao Poder Judiciário.”

Tagliaferro, em sua defesa, não fez uma declaração oficial sobre o caso. No entanto, interlocutores próximos afirmaram que o vazamento pode ter ocorrido sem sua autorização e que ele havia informado ao TSE sobre a apreensão do celular pela Polícia Civil após sua prisão.

Tagliaferro foi exonerado do cargo de chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação em 9 de maio de 2023. Por outro lado, o gabinete de Moraes defende que não houve irregularidades nos pedidos feitos ao TSE durante a investigação dos inquéritos das fake news.

Em manifestação no STF em 14 de agosto de 2023, Moraes argumentou que a solicitação de relatórios ao TSE era uma medida necessária e eficiente para a investigação, destacando que as informações solicitadas eram públicas e que a colaboração da Polícia Federal era limitada na época.

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