Brasil Abuso
Revisão da bandeira vermelha expõe falta de prudência em aumentos na conta de luz
Inconsistências no acionamento de usinas e excesso de cautela no setor energético penalizam consumidores
04/09/2024 15h00 Atualizada há 2 semanas
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

O recente anúncio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a possibilidade de revisão da bandeira vermelha 2 na conta de luz devido a inconsistências no acionamento de uma usina levanta questões sobre a prudência e transparência na gestão dos custos de energia no Brasil. Em meio a uma crise econômica que afeta milhões de brasileiros, o aumento nas contas de energia soa como um golpe na já apertada realidade financeira das famílias.

Apesar da capacidade do governo de absorver esses custos por meio da "conta bandeira" — um fundo que acumula os valores extras cobrados nas contas de luz e que, segundo o ministro, está superavitário —, a insistência em manter bandeiras tarifárias elevadas expõe uma falta de sensibilidade diante da situação dos consumidores. Silveira argumenta que é possível manter as bandeiras verdes ou amarelas por mais tempo, mas pondera que o equilíbrio entre o saldo da conta bandeira e outras medidas, como o acionamento de usinas térmicas, é fundamental.

“Ninguém tem segurança em quanto tempo ainda nós precisaremos despachar nas térmicas”, declarou o ministro, reforçando a necessidade de um gerenciamento cuidadoso. No entanto, o discurso de cautela contrasta com as ações que impactam diretamente o bolso dos cidadãos, que já enfrentam altas nos preços de outros serviços essenciais.

Silveira ainda tentou tranquilizar a população, afirmando que o despacho de energia das térmicas será utilizado apenas em caso de necessidade e que, apesar da bandeira vermelha, o Brasil está mais bem preparado para lidar com a estiagem atual do que em 2021, quando os reservatórios estavam em 21% de capacidade, comparado aos atuais 56%. Contudo, a ativação da bandeira vermelha pela Aneel na última semana, devido à combinação de chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas, reforça a preocupação com a gestão estratégica do setor.

Em um cenário onde a população já paga caro pela energia, a revisão e correção de possíveis erros no acionamento de bandeiras é mais que necessária — é uma questão de responsabilidade e respeito ao consumidor. Ajustar as tarifas sem uma análise criteriosa dos impactos é penalizar quem menos tem condições de arcar com os custos, reiterando a urgência por decisões mais prudentes e sensatas por parte do governo.

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*Com informações CNN