Política Divergências
Otoni de Paula surpreende ao orar por Lula e divide bancada evangélica: jogada política ou convicção?
O deputado é criticado por Silas Malafaia, que vê aproximação com o governo como um “jogo duplo”
16/10/2024 08h41
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), ex-aliado fervoroso de Jair Bolsonaro, causou uma verdadeira ruptura na bancada evangélica ao protagonizar um momento de oração pelo presidente Lula nesta terça-feira (15). O gesto, que inicialmente parecia apenas uma formalidade durante a sanção da lei que cria o Dia da Música Gospel, rapidamente se transformou em um campo de batalha ideológico entre lideranças evangélicas.

Para Silas Malafaia, uma das vozes mais contundentes do segmento, a aproximação de Otoni com Lula soa como uma tentativa desesperada de agradar a todos os lados – e, no processo, trair aqueles que se mantêm críticos ao governo petista. "Otoni quer jogar para os dois lados", disparou o pastor, enfatizando que os evangélicos não serão facilmente conquistados por "gestos vazios" como a sanção de uma nova lei. Segundo Malafaia, o governo de Lula já mostrou a que veio ao derrubar portarias que restringiam o aborto, jogando contra os valores cristãos.

Otoni, por sua vez, parece determinado a construir uma narrativa de que os evangélicos "não têm dono" e que suas decisões são pautadas em princípios, não em alianças políticas. A fala é polêmica, especialmente vinda de alguém que, até pouco tempo, era um dos defensores mais veementes do bolsonarismo. O que muitos veem como coragem, outros, como Silas Malafaia, enxergam como oportunismo.

O que realmente está em jogo aqui? Será que Otoni de Paula está apenas tentando fortalecer sua base de apoio, usando o evento como uma plataforma para garantir sua relevância política, ou ele de fato acredita na possibilidade de diálogo com o governo petista? Para uma bancada que historicamente se opõe ao PT, a postura de Otoni levanta suspeitas sobre seus verdadeiros interesses. Enquanto Silas Câmara tenta amenizar a situação, alegando que o deputado foi ao Planalto a seu pedido, o racha está cada vez mais evidente.

Ao contrário de muitos, que continuam firmes em sua rejeição ao governo, Otoni parece caminhar na corda bamba. E, nesse jogo político, agradar a ambos os lados pode ser uma jogada perigosa. Afinal, como Malafaia bem colocou: "Que bancada evangélica vai se aproximar de Lula? A massa, certamente, não."

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