Política Resolução
PT assina resolução do Foro de São Paulo em apoio a Maduro e partido enfrenta reações internas
Estratégia eleitoral do PT sob tensão: apoio ao regime venezuelano gera desconforto entre os membros e questionamentos sobre a postura do governo
16/10/2024 14h48 Atualizada há 1 dia
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

Em uma manobra discreta, o Partido dos Trabalhadores (PT) assinou uma resolução do Foro de São Paulo que reconhece a vitória eleitoral de Nicolás Maduro na Venezuela e expressa solidariedade ao regime. O documento foi produzido em uma reunião de partidos de esquerda, realizada no México, logo após a posse de Claudia Sheinbaum na presidência do país.

A secretária executiva do Foro, Mônica Valente, integrante da executiva nacional do PT, participou da elaboração do texto, que não foi divulgado pelo partido no Brasil, temendo repercussões negativas nas eleições municipais. A assessoria de Gleisi Hofmann, presidente do PT, ainda não se manifestou sobre a situação.

A decisão de apoiar Maduro gerou desconforto interno no PT. O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) criticou a posição do partido, afirmando que ela não reflete a opinião da maioria dos simpatizantes do PT e do próprio Lula. "A posição do PT sobre a Venezuela é desconectada do que pensa o Lula e a grande maioria dos simpatizantes do PT. Somos um partido conectado com a democracia. A posição de Maduro gera um constrangimento para a América Latina", declarou Lopes.

Além disso, a postura do governo brasileiro em relação à crise política na Venezuela foi alvo de críticas dentro do Foro. Ana Prestes, secretária de relações internacionais do PCdoB, afirmou que a posição do governo "é confusa e precisa ser mais clara". Em uma tentativa de minimizar as tensões, Prestes desconsiderou a declaração do procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, que acusou Lula de ser um "agente da CIA". Segundo ela, Maduro não endossou a afirmação.

"Não existem provas de que Maduro perdeu a eleição. A adesão à oposição na Venezuela é menor que o apoio popular ao chavismo", afirmou Ana Prestes, refletindo a tentativa de justificar a aliança com um regime criticado por sua postura antidemocrática.

Essa situação levanta questões sobre a coerência do PT e sua relação com a democracia na América Latina, especialmente em um momento em que a imagem do partido está em jogo, a poucos meses das eleições municipais. A pressão interna e externa para uma posição mais clara e alinhada com os princípios democráticos está aumentando, e o partido se vê em uma encruzilhada que pode definir seu futuro político.

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*Com informações CNN