Política Igreja
Deputado evangélico declara independência da igreja em relação ao bolsonarismo e petismo
Otoni de Paula critica arrogância política e defende diálogo genuíno com lideranças evangélicas após encontro com Lula
17/10/2024 10h21
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), um dos principais líderes da bancada evangélica na Câmara, fez declarações contundentes sobre a relação da Igreja com a política brasileira, destacando que “a Igreja não pertence ao bolsonarismo, nem ao petismo”. Sua afirmação surge após um encontro entre evangélicos e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na terça-feira (15).

Em entrevista ao jornal O Globo na quinta-feira (17), Otoni de Paula foi questionado se ele poderia ser visto como um interlocutor de Lula com os evangélicos. A resposta foi clara: “Não, eu apenas quis mostrar que a igreja não pertence ao bolsonarismo, nem ao petismo, está acima disso. Embora pareça desde 2018 que fomos arrebatados pela política”. O deputado, que anteriormente foi aliado do governo Bolsonaro, enfatizou que sua oposição ao PT não altera a responsabilidade da Igreja de orar pelas autoridades. “Mas ficaria incoerente levantar uma bandeira pró-Lula”, completou.

Otoni de Paula criticou a postura de alguns políticos que, segundo ele, assumem uma atitude de “arrogância” ao acreditarem que a Igreja seguirá suas orientações sem questionamentos. Ele afirmou que a eleição municipal de 2024 demonstrou a necessidade de mais humildade e diálogo com as lideranças evangélicas: “Acharam que Bolsonaro falar ‘vote em fulano’ bastava. Isso é arrogância, a igreja evangélica não vai a reboque. O eleitor vota em quem faz políticas públicas que chegam até ele, e o evangélico não é diferente”.

O encontro entre Lula e os líderes evangélicos, realizado no Palácio do Planalto, marcou a sanção do Dia da Música Gospel, previsto no PL (3.090 de 2023). Durante o evento, houve momentos de cantoria religiosa e Otoni de Paula, em um tom conciliador, disse que Deus já havia usado Lula para “abençoar o povo de Deus”. “Senhor presidente, quis Deus que eu, que fui um dos mais combatentes defensores do antigo governo e seu crítico político, estivesse hoje aqui para representar a Frente Parlamentar Evangélica. E, nesse momento, já fora do palanque eleitoral, me dirijo não ao Lula do Partido dos Trabalhadores, mas ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, e enquanto estiver ocupando esse cargo, por força de nacionalidade, meu presidente também”, declarou.

Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e sigua nossas redes sociais.