Política Eleições
PT à beira do abismo: Alianças com a direita revelam desespero ante à ameaça bolsonarista
Desempenho decepcionante nas municipais força o partido a buscar apoio incomum para a renovação do Senado em 2026
21/10/2024 12h17
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

O desempenho decepcionante da esquerda nas recentes eleições municipais acendeu um sinal de alerta no governo e no Partido dos Trabalhadores (PT) para a crucial eleição do Senado em 2026. O receio é que a renovação de dois terços da Casa, com 54 das 81 cadeiras em jogo, favoreça os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que poderia deixar a base de apoio do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, caso ele seja reeleito, em uma posição vulnerável.

A situação é alarmante: seis dos nove senadores petistas terão seus mandatos encerrados em dois anos, enquanto do lado do PL, oito dos 14 parlamentares estão assegurados até 2030. Com o cenário se mostrando cada vez mais favorável aos partidos de direita, integrantes do PT reconhecem a dificuldade em renovar seus quadros e começam a considerar alianças com candidatos de outros partidos, mesmo que de orientação mais à direita, contanto que não sejam bolsonaristas.

Internamente, essa estratégia foi batizada de "redução de danos". Entre os possíveis aliados para 2026, o PT considera apoiar nomes como Eduardo Leite (PSDB) no Rio Grande do Sul, Alexandre Silveira (PSD) em Minas Gerais e Eduardo Braga (MDB) no Amazonas. Em São Paulo, no entanto, o partido enfrenta um dilema: dirigentes afirmam que não têm um nome forte para concorrer ao Senado. A alternativa parece ser apostar em candidatos de outros partidos com perfis semelhantes ao de Geraldo Alckmin, que pode ser uma opção se não for escolhido para a chapa de reeleição de Lula.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é visto como o único petista viável, mas sua candidatura dependeria de um apelo claro do presidente. A preocupação do PT, no entanto, se intensifica na região Norte, onde o bolsonarismo vem se fortalecendo. O partido não elegeu nenhum prefeito no Acre, em Rondônia e em Roraima nas últimas eleições. Para tentar reverter essa tendência, Lula já pediu ao senador Omar Aziz (PSD-AM), que deve se candidatar ao governo do Amazonas, que busque nomes fortes para a disputa ao Senado em sua chapa em 2026.

O ex-senador Magno Malta reforçou a importância das eleições municipais no contexto nacional, afirmando que onde a esquerda chegar ao segundo turno, isso refletirá um trabalho de base que poderá impulsionar suas candidaturas ao Senado em 2026. “Não caia nessa de que as eleições municipais não são importantes para o quadro nacional. É um teatro daqueles que se sentam à mesa dos 'deuses' do Supremo”, enfatizou Malta.

Com o futuro político em jogo e um cenário eleitoral desafiador pela frente, a estratégia do PT de buscar aliados incomuns para enfrentar o avanço do bolsonarismo pode ser uma questão de sobrevivência em um ambiente cada vez mais hostil.

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*Com informações O Globo