A sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança da esquerda brasileira já movimenta os bastidores da política nacional. De acordo com a 162ª edição da pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada nesta semana, Lula ainda é o nome preferido de 60,2% dos eleitores de esquerda para a eleição presidencial de 2026. No entanto, dúvidas pairam sobre quem poderá herdar o legado do petista, que deve disputar sua última eleição.
Os principais nomes testados pelo levantamento incluem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT); o deputado Guilherme Boulos (PSol); o prefeito do Recife, João Campos (PSB); o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB); e o ex-ministro José Dirceu (PT). Em um cenário sem Lula, Haddad lidera as intenções de voto entre eleitores de esquerda, com 31,3%, seguido por Boulos (17,5%) e Campos (12,7%).
A pesquisa, realizada pelo instituto MDA entre os dias 7 e 10 de novembro, com 2.002 entrevistas presenciais, tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
A divisão de preferências não se limita aos números. A troca de farpas públicas entre João Campos e Guilherme Boulos reflete o embate interno da esquerda. Campos, ao analisar a campanha do PSol em São Paulo, criticou o discurso do partido e sugeriu falta de coerência em suas práticas. Em resposta, Boulos disparou contra Campos, lembrando que o prefeito do Recife se elegeu em 2020 com o mote "PT nunca mais", mas hoje se apresenta como um dos maiores aliados de Lula.
Essas divergências são apenas a ponta do iceberg de um dilema maior: após a era Lula, a esquerda se fragmentará ou buscará unificação? Para alguns líderes, a solução estaria na ampliação de alianças, incluindo flertes com setores de centro e direita. Para outros, isso significaria uma traição aos princípios históricos do campo progressista.
O desempenho abaixo do esperado nas eleições municipais de 2024 acendeu o alerta. A necessidade de reorganizar estratégias eleitorais tem sido discutida com intensidade, principalmente após derrotas emblemáticas em capitais como São Paulo.
O cenário futuro aponta para disputas internas, que podem definir os rumos do progressismo no Brasil. Sem Lula como figura central após 2026, o desafio será equilibrar a manutenção de ideais com a necessidade de vencer em um ambiente político cada vez mais polarizado.
A sucessão de Lula já começa a testar a unidade da esquerda, que se vê desafiada a construir lideranças fortes e capazes de enfrentar a oposição e as transformações no cenário político nacional.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias.
*Com informações Metrópoles