A Cúpula do G20, iniciada nesta segunda-feira (18) no Rio de Janeiro, já expõe as profundas divisões entre as maiores economias do mundo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hospedado no evento, busca transformar a presidência brasileira em um marco de avanços sociais e econômicos, com foco na tributação de bilionários e no combate à fome. Porém, a falta de consenso entre os líderes ameaça frustrar esses esforços, revelando a distância entre discursos grandiosos e ações efetivas.
A ideia de Lula de implementar uma taxação global de 2% sobre fortunas bilionárias gerou polêmica antes mesmo de ser formalmente discutida. O presidente argentino Javier Milei, defensor de uma economia ultraliberal, rejeitou publicamente a proposta, deixando claro que o debate será acirrado. Outros líderes, embora não tenham se posicionado abertamente contra, demonstram um pouco de entusiasmo com a iniciativa.
A proposta de Lula mira arrecadar recursos para combater as desigualdades em países mais pobres, mas a resistência das ricas e dos líderes direcionados ao mercado financeiro, evidencia que a prioridade continua sendo a proteção das fortunas, não a redução das desigualdades.
No mesmo evento, Lula lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, prometendo atingir 500 milhões de pessoas até 2030. Apesar do apoio de 81 países e de transportes de instituições como o BID, que anunciou um investimento de US$ 25 bilhões, a adesão limitada e a burocracia global ameaçam transformar a iniciativa em mais uma promessa vazia.
Lula foi direto em seu discurso:
“A fome não é uma fatalidade. É uma escolha política que os governos fazem ao priorizar interesses econômicos em vez de vidas humanas.”
Enquanto isso, as principais potências do G20 ainda hesitam em transformar palavras em recursos concretos.
Outro ponto de atrito é o financiamento de ações contra as mudanças climáticas. Os países em desenvolvimento pressionaram por US$ 1 trilhão para adaptação e mitigação, mas as nações ricas continuam apoiando compromissos financeiros significativos.
A cobrança por ações foi reforçada pelo secretário executivo do Clima da ONU, Simon Stiell:
“A inação dos líderes do G20 coloca em risco a sobrevivência de bilhões. Não podemos mais esperar.”
A reforma das instituições globais, como o Conselho de Segurança da ONU, também está na pauta. Porém, mudanças estruturais enfrentam resistência às potências com poder de veto, como EUA e China, que continuam priorizando seus próprios interesses.
Com um modelo de governança que reflete o mundo de 80 anos atrás, o órgão tem se mostrado incapaz de lidar com crises como o conflito entre Rússia e Ucrânia ou a escalada de violência em Gaza.
A presidência de Lula no G20 parecia promissora, mas o evento já evidencia que a busca por consenso global enfrenta barreiras quase intransponíveis. Enquanto bilionários e grandes economias mantêm seus privilégios intactos, bilhões continuam à margem, sem acesso a recursos básicos.
Se as promessas não forem acompanhadas de ações concretas, a cúpula no Rio de Janeiro será lembrada como mais uma reunião onde a política cedeu ao poder do dinheiro.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e siga nossas redes sociais.
*Com informações Metrópoles