Enquanto Mato Grosso do Sul se consolida como o “Vale da Celulose” com o anúncio de um investimento de US$ 4 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) pela Bracell, críticos levantam questionamentos sobre o real impacto social e ambiental do crescimento acelerado do setor. A nova fábrica, com capacidade para produzir 2,8 milhões de toneladas de celulose por ano, promete gerar empregos, mas também acender debates sobre concentração econômica e os limites de expansão florestal no estado.
O governador Eduardo Riedel comemorou o avanço no Fórum Empresarial Brasil-Indonésia, realizado no Rio de Janeiro, visando o ambiente de negócios favoráveis e os incentivos fiscais como fatores determinantes.
“Estamos construindo um Mato Grosso do Sul mais forte e atrativo para grandes investidores. Esse investimento reforça nosso protagonismo no cenário nacional e internacional”, destacou.
Embora o setor de celulose seja responsável por 24% da produção nacional e por milhares de empregos diretos e indiretos no estado, especialistas alertam para o risco de concentração econômica em um único segmento. Atualmente, Mato Grosso do Sul possui quatro fábricas em operação, sendo mais duas em fase de implantação, enquanto a monocultura do eucalipto avança sobre áreas de pastagem e agricultura tradicional.
“A expansão do setor florestal é uma vitória econômica, mas precisamos equilibrar esse crescimento com políticas que garantam a sustentabilidade ambiental e a diversificação da economia local”, afirma um analista independente.
A Bracell já opera em Água Clara e expandiu suas plantações para municípios vizinhos, como Santa Rita do Pardo e Bataguassu. Com o novo investimento, a empresa prevê a geração de 10 mil empregos durante as obras e 3 mil na operação, mas parte da sociedade questiona o custo ambiental desse crescimento.
Além disso, o modelo de incentivos fiscais do estado, fundamental para atrair grandes empresas, é alvo de críticas. O impacto sobre a arrecadação estadual e a sustentabilidade financeira de longo prazo são pontos que precisam ser debatidos.
Durante o Fórum Empresarial Brasil-Indonésia, Riedel destacou as parcerias estratégicas que vêm sendo construídas com a Indonésia e a importância de posicionar Mato Grosso do Sul em agendas globais, como segurança alimentar, energética e sanitária.
Entretanto, enquanto o governo comemora o status de potência do setor de celulose, o desafio de integrar o crescimento econômico com justiça social e preservação ambiental permanece no radar.
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