Durante a Cúpula do G20, que começou nesta segunda-feira (18) no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez afirmações extremamente questionáveis sobre a fome no Brasil. Ele alegou ter “acabado com a fome” em 2014, e afirmou que o país voltou ao “Mapa da Fome” em 2022. Além disso, Lula insistiu que encontrou o Brasil com 33 milhões de famintos quando retornou à presidência em 2023, e que, em menos de dois anos de governo, já retirou mais de 24,5 milhões de pessoas da extrema pobreza. No entanto, seus números estão longe de serem verdadeiros e distorcem a realidade.

Primeiramente, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a qual Lula citou como fonte dos dados sobre fome, não usa mais o "Mapa da Fome" para divulgar informações sobre subalimentação. Em vez disso, adota uma abordagem diferente, como está evidente no segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, publicado em 2022 pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan).

Mais grave ainda, a pesquisa que Lula tanto usa para justificar sua narrativa contém erros estatísticos significativos. O estudo, que calcula 33 milhões de famintos no Brasil, é baseado na comparação de dois inquéritos do próprio Penssan. O primeiro, feito no início da pandemia em 2020, apontou que 9% da população (cerca de 19 milhões de brasileiros) enfrentava insegurança alimentar. O segundo levantamento, realizado entre novembro de 2021 e abril de 2022, com uma amostra muito maior de 12.745 domicílios, indicou que 15% da população brasileira estava em situação de fome, totalizando 33 milhões de pessoas. No entanto, essa comparação entre inquéritos diferentes, com metodologias distintas, levanta sérias dúvidas sobre a precisão dos números apresentados.

Lula insiste em usar esses dados controversos para reforçar sua narrativa de que o Brasil voltou a viver uma crise alimentar sob o governo anterior e que ele, com seu retorno ao poder, já estaria combatendo a fome. Contudo, ao fazer isso, ele ignora os próprios erros do governo petista, os quais contribuíram significativamente para a crise social atual, deixando o Brasil em um estado de desarticulação no sistema de bem-estar social.

Ao fazer essas afirmações no G20, Lula não só distorce fatos, mas também tenta passar uma imagem de eficiência em um problema que persiste e é muito mais complexo do que ele tenta pintar. As tentativas de manipulação de dados para reforçar uma narrativa de sucesso social são claras e continuam a ser uma marca de seu governo.

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*Com informações Revista Oeste