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Plano para matar Lula, Alckmin e Moraes foi impresso no Palácio do Planalto, revela PF
A investigação aponta envolvimento de militares e possível relação com o ex-presidente Bolsonaro no planejamento golpista e homicida
19/11/2024 12h16
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A Polícia Federal revelou detalhes alarmantes sobre o plano “Punhal Verde Amarelo”, que visava matar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. De acordo com a investigação, o plano foi impresso duas vezes no Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro, com a participação direta do general Mário Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, e de outros membros das Forças Especiais.

Os documentos foram impressos nos dias 9 de novembro e 6 de dezembro de 2022, logo após a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais. No dia 9 de novembro, após a impressão do plano, o general Fernandes levou o documento até o Palácio do Alvorada, residência oficial de Bolsonaro. O arquivo, que continha um passo a passo para executar o plano golpista e homicida, detalhou o monitoramento feito sobre o ministro Alexandre de Moraes, um dos principais alvos da operação.

A investigação aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava presente no Palácio do Planalto no momento da impressão do segundo documento, em 6 de dezembro, revelando uma possível relação dele com o plano. A PF ainda indica que os militares Mauro Cid e Rafael Oliveira, que também participaram do planejamento, chegaram ao Planalto enquanto Bolsonaro ainda estava no local. Esta sequência de acontecimentos levanta questionamentos sobre o envolvimento das autoridades do governo anterior no golpe planejado.

O conteúdo do documento foi mantido sob sigilo, mas o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu retirar o sigilo, tornando público o relatório da PF nesta terça-feira (19). O documento impresso em 6 de dezembro foi denominado "Plj.docx", com a sigla “Plj” referindo-se a “planejamento”. A investigação revelou que este documento era uma versão do “Fox_2017.docx”, outro arquivo que continha detalhes sobre a operação clandestina.

A Polícia Federal prendeu preventivamente, nesta terça-feira (19), quatro militares das Forças Especiais e um policial federal, suspeitos de envolvimento no plano de golpe. Os presos militares são Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Além deles, o policial federal Wladimir Matos Soares também foi alvo da operação. O caso faz parte de uma investigação mais ampla sobre o golpe planejado contra o resultado das eleições de 2022.

Entre os envolvidos, o general Mário Fernandes é a patente de maior. Ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e interino na pasta durante o governo Bolsonaro, Fernandes foi apontado como o principal responsável pela impressão dos documentos e pela elaboração do planejamento. Sua ligação estreita com o governo Bolsonaro e sua presença em momentos cruciais do planejamento levanta ainda mais questões sobre a extensão do envolvimento do ex-presidente na trama.

A PF também revelou que o general Fernandes tinha um padrão específico para nomear arquivos relacionados a operações sensíveis, como demonstrado pela nomenclatura dos documentos. Arquivos como “Fox_2017”, “Ranger_2014” e “BMW_2019” foram localizados durante as investigações, o que demonstra o nível de sigilo e cuidado na criação e modificação desses arquivos, possivelmente com o intuito de não vincular diretamente sua autoria a ele.

O desdobramento da investigação ainda pode revelar mais informações sobre o envolvimento de outras figuras políticas e militares no esquema, a denúncia de um possível golpe contra a democracia e os líderes eleitos gera um intenso debate político sobre a estabilidade do país e a necessidade de responsabilização de todos os envolvidos.

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*Com informações UOL