Política Acordo comercial
Mercosul e União Europeia fecham acordo comercial bilionário com desafios pela frente
Após mais de 20 anos de negociações, o tratado promete histórico gerar crescimento, mas levanta questões sobre seus impactos econômicos no bloco sul-americano
06/12/2024 11h43
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

Na sexta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros chefes de Estado do Mercosul anunciaram a conclusão das negociações para o aguardado acordo comercial com a União Europeia. Considerado um marco histórico, o tratado, que foi pensado há mais de 20 anos, vai formar uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, abrangendo quase 720 milhões de pessoas e representando 20% da economia global. Agora, o processo segue para a fase de preparação da assinatura.

O anúncio foi feito na véspera da 65ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, realizada em Montevidéu, no Uruguai. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ressaltou em suas redes sociais que o acordo é uma grande vitória para a Europa, afirmando que 30 mil empresas europeias já exportam para o Mercosul e que muitas outras seguirão o mesmo caminho.

“Esse acordo não é apenas uma oportunidade econômica, é uma necessidade política”, afirmou von der Leyen durante coletiva de imprensa. “A União Europeia e o Mercosul realizaram uma das maiores alianças de comércio e investimentos que o mundo já viu.”

O presidente uruguaio, Luis Alberto Lacalle Pou, também destacou a importância da unidade no Mercosul, apesar das diferenças ideológicas entre os países do bloco. Ele fez um apelo para que as divergências permanecessem de lado em favor dos interesses comuns. O Mercosul agora conta com a Bolívia como membro, além do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, com a Venezuela suspensa devido ao regime de Nicolás Maduro.

O tratado estabelece a eliminação das tarifas sobre 91% dos produtos exportados pelo Mercosul para a União Europeia e 95% das exportações da UE para os países sul-americanos. As mudanças serão renovadas ao longo de um período de transição de 10 a 15 anos, dependendo do setor. Espera-se que o acordo aumente as exportações, especialmente no setor agrícola, onde o Mercosul possui uma vantagem competitiva.

A expectativa é de que o acordo gere crescimento econômico, investimentos e ampliação de mercado, especialmente para o Brasil. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que o tratado possa contribuir para o PIB brasileiro em 0,46% até 2040, representando um ganho de US$ 9,3 bilhões, além de um aumento de 1,49% nos investimentos, superando os lucros esperados pela União Europeia e outros países do Mercosul.

Apesar do otimismo de muitos líderes, a conclusão do acordo também gera controvérsias. Os críticos apontam que os benefícios para os países sul-americanos podem ser limitados, enquanto o aumento da dependência de mercados externos pode afetar a indústria local. O debate sobre os efeitos desse acordo será um dos maiores desafios nos próximos anos, à medida que o processo de revisão legal e tradução do tratado segue em frente, com a assinatura prevista para o futuro próximo.

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*Com informações R7