A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) reagiu de forma incisiva às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os preços dos combustíveis. Em evento realizado na segunda-feira (17), o presidente sugeriu que a Petrobras deveria vender combustíveis diretamente aos grandes consumidores para combater os preços elevados e acusar os "intermediários" de praticarem um "assalto" à população.
Em resposta, a Fecombustíveis, que representa cerca de 45 mil postos no país, destacou a complexidade da cadeia de distribuição de combustíveis e alertou para o impacto dos impostos federais na formação dos preços. Segundo a entidade, a composição dos preços inclui uma série de encargos, como PIS/Cofins (R$ 0,69 por litro) e Cide (R$ 0,10 por litro), além do ICMS, cujos aumentos, em fevereiro deste ano, resultaram em acréscimos significativos no preço final da gasolina e do diesel.
A federação criticou a falta de conhecimento do governo sobre como funciona o setor. “A gasolina que sai das refinarias é pura e ainda não está pronta para o consumo final. Somente após a adição de etanol nas bases de distribuição é que ela se torna a versão comercializada nos postos”, explicam.
Além disso, a Fecombustíveis refutou a sugestão de que a Petrobras deveria realizar vendas diretas, apontando que a fatia da estatal no preço da gasolina representa apenas 34,7% do valor final (R$ 2,21 por litro), enquanto no diesel, a Petrobras responde por 46,8% (R$ 3,03 por litro). A entidade também destacou que as margens de lucro da distribuição e revenda são baixas, em média 15%, e que dessa margem ainda são descontadas despesas como finanças, aluguel e custos operacionais.
Enquanto isso, o presidente Lula continua instruindo a redução dos preços e sugeriu que a população saiba "quem xingar" quando os preços aumentam. Porém, as críticas da Fecombustíveis revelam que a solução proposta pelo presidente pode ignorar as causas reais da alta dos combustíveis, que envolvem tanto a tributação estatal quanto a complexidade do setor.
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