Brasil Denúncia
Denúncia da PGR contra Bolsonaro enfrenta críticas por falta de provas
Acusações de Gonet contra o ex-presidente por ligação com o 8 de janeiro e plano de assassinatos desmoronam diante de inconsistências e ausência de provas conclusivas
20/02/2025 11h42
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo amplamente contestada, até mesmo por setores alternados à esquerda. Paulo Gonet, procurador-geral da República, acusa Bolsonaro de ter fomentado os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e de concordar com um suposto plano de assassinato do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes. No entanto, a denúncia tropeça em contradições e carece de provas concretas que sustentam tais alegações.

Base frágil nas mensagens do WhatsApp

A principal sustentação das acusações vem de mensagens de WhatsApp atribuídas a assessores e aliados de Bolsonaro. Gonet argumenta que essas mensagens indicam um “contexto de golpe” e que os ataques de 8 de janeiro foram fomentados por uma organização ligada ao ex-presidente. Contudo, especialistas apontam que o conteúdo das mensagens é inconclusivo e aberto a múltiplas interpretações.

Entre os elementos apresentados, está uma conversa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, mencionando que “algo poderia ocorrer” em janeiro de 2023. A PGR ainda cita mensagens do general Walter Braga Netto, mostrando que Bolsonaro teria tomado conhecimento de um plano por meio de acidente realizado no Palácio do Planalto. Mesmo assim, nenhuma dessas evidências é considerada suficientemente robusta para confirmar as acusações.

Contradições com a investigação da PF

O relatório da Polícia Federal (PF) também defendeu a denúncia da PGR. Embora a PF tenha traçado ligações indiretas entre Bolsonaro e os atos golpistas, ela não incluiu acusações relacionadas aos crimes de 8 de janeiro nem qualquer menção de que Bolsonaro tenha concordado com planos de assassinato.

A ausência desses pontos no indiciamento da PF levanta questionamentos sobre as denúncias da PGR, que parecem extrapolares as provas reunidas até o momento.

Pedido de peças de danos

Outra parte da denúncia solicita que seja estabelecido um valor mínimo para as peças de reposição dos danos causados ​​aos cofres públicos. Gonet propõe que Bolsonaro e os demais acusados ​​sejam responsabilizados financeiramente pelos prejuízos decorrentes dos ataques. Contudo, a defesa do ex-presidente argumenta que ele não teve participação direta nos eventos e que a PGR está se baseando em conjecturas para justificar a denúncia.

Reações e impacto político

A denúncia de Gonet, amplamente divulgada pela imprensa, gerou repercussão nacional, mas também críticas de juristas e políticas de diferentes espectros ideológicos. Mesmo veículos de comunicação alinhados ao campo progressista passaram a questionar a solidez das acusações, apontando a falta de provas conclusivas.

Além disso, a tentativa de vincular Bolsonaro a crimes graves sem uma base sólida é vista por muitos como um movimento que pode fortalecer sua narrativa de perseguição política. Para os apoiadores do ex-presidente, a denúncia é mais um capítulo de um suposto uso das instituições para desestabilizá-lo.

Conclusão

A denúncia da PGR contra Bolsonaro escancara fragilidades que nem mesmo os setores mais críticos ao ex-presidente podem ignorar. Com base em evidências frágeis e interpretações dúbias, uma narrativa de golpes e assassinatos parece desmoronar diante da ausência de provas concretas, levantando questões sobre a condução e os objetivos por trás do caso. Enquanto isso, Bolsonaro segue utilizando as falhas da acusação para reforçar seu discurso de perseguição, mantendo sua base mobilizada e polarizando ainda mais o cenário político.

Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e siga nossas redes sociais. 

*Com informações Folha de S.Paulo