Brasil Ameaça
Autoritarismo em foco: Moraes usa ameaça e intimidação contra Mauro Cid
Ministro do STF extrapola limites e pressionou delator com ameaça à família em audiência sobre colaboração premiada
20/02/2025 12h20
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A condução da audiência de colaboração premiada de Mauro Cid pelo ministro Alexandre de Moraes, no dia 21 de novembro de 2024, escancarou uma postura autoritária e questionável que coloca em xeque a imparcialidade da Justiça. Durante o depoimento, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) foi ameaçado de prisão caso não revelasse informações que Moraes julgava pertinentes, em um claro exercício de intimidação.

A ameaça não se restringiu ao próprio Cid. Moraes foi além, alertando que uma eventual revogação do acordo de colaboração poderia implicar na perda de benefícios aos familiares do delator, incluindo seu pai, esposa e filha maior de idade. Uma justificativa? Supostas omissões em depoimentos sobre um alegado plano, chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que teria como objetivo atentar contra a vida do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do próprio Moraes.

Limites ultrapassados

A condução do ministro é alvo de diversas críticas. Em vez de manter a serenidade esperada de um magistrado, Moraes optou por uma postura agressiva e, segundo alguns especialistas, desproporcional. O uso de ameaças diretas contra Cid e sua família levanta questionamentos sobre os limites éticos e legais de sua atuação.

“Se as omissões não forem esclarecidas, haverá a decretação de prisão e a revogação dos benefícios, inclusive da sua família”, declarou Moraes, numa fala que mais se assemelha a uma coação do que à aplicação de Justiça.

O que deveria ser um processo transparente, guiado pela busca da verdade, acabou se transformando em um espetáculo de imposição de poder, com Moraes conduzindo a audiência publicamente e reforçando sua autoridade de forma ostensiva.

A mudança de versão de Cid

Diante da pressão, Mauro Cid mudou sua versão dos fatos, negando participação em qualquer planejamento de golpe de Estado. Alegou que as reuniões mencionadas pela Polícia Federal refletiram apenas insatisfações políticas, sem articulações concretas. Contudo, a mudança no depoimento levanta dúvidas sobre a legitimidade de suas declarações e sobre o impacto real da pressão exercida por Moraes. Os críticos argumentam que a coerção pode ter influenciado o relato do delator, comprometendo a espontaneidade e a veracidade de suas informações. Além disso, a conduta do ministro suscita preocupações sobre a imparcialidade do processo e o uso da colaboração premiada como ferramenta de intimidação, em vez de instrumento legítimo para obtenção da verdade.

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*Com informações Metrópoles