Polícia Condenação
Pai de santo é condenado a 259 anos de prisão por estupros de sete meninas no RS
Líder religioso usava autoridade espiritual para abusar de vítimas e justificar crimes como “rituais de purificação”
26/02/2025 17h57
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A Justiça do Rio Grande do Sul condenou, na última segunda-feira (24), um pai de santo de 59 anos a 259 anos de prisão pelos crimes de estupro de vulnerável, estupro qualificado e estupro. Os abusos foram cometidos contra sete meninas, incluindo enteadas e uma neta, antes de completarem 14 anos. Os crimes ocorreram entre 2009 e 2024, nos municípios de Três de Maio e Independência, na região Noroeste do estado.

A decisão, proferida pela juíza Vanessa Teruya Bini Mendes, da 2ª Vara Judicial da Comarca de Três de Maio, destaca que o réu utilizava sua posição de liderança religiosa para manipular a confiança das vítimas, impondo silêncio sob ameaças e agressões. Segundo os depoimentos, o pai de santo justificava os abusos como parte de um “processo de purificação”.

Detalhes cruéis e repetição dos crimes

De acordo com a magistrada, os estupros foram recorrentes e praticados de maneira insidiosa, aproveitando-se da vulnerabilidade das vítimas. "As meninas foram objetificadas e subjugadas pelo acusado, que exercia dupla autoridade: como líder religioso e como figura de ascendência familiar", afirmou a juíza.

Um dos relatos mais chocantes foi o de uma vítima que afirmou ter sofrido mais de 1.000 abusos. A consistência dos depoimentos, que permaneceram lineares desde a fase de investigação até o julgamento, foi determinante para a condenação.

Sem direito de recorrer em liberdade

A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) no final de 2024. A juíza Vanessa Teruya Bini Mendes negou ao réu o direito de recorrer em liberdade, reconhecendo a gravidade e a crueldade dos atos. A sentença reforça a busca por justiça para as vítimas e expõe os perigos da exploração de posições de autoridade para a prática de crimes.

Apesar da possibilidade de recurso, a condenação representa um marco importante contra a impunidade em casos de abusos sexuais cometidos por figuras de autoridade, especialmente em contextos de vulnerabilidade religiosa e familiar. A decisão sinaliza o compromisso da Justiça em proteger as vítimas e punir severamente os responsáveis por crimes dessa natureza, mesmo diante de estratégias de manipulação e silêncio forçado.

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*Com informações Metrópoles