Política Missão
Gleisi Hoffmann assume com missão difícil: pressionar por medidas populistas sem comprometer o equilíbrio fiscal
A nova ministra das Relações Institucionais enfrenta o desafio de equilibrar as demandas populistas de Lula com a política fiscal rígida de Fernando Haddad
10/03/2025 11h39
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A guinada econômica de Luiz Inácio Lula da Silva para um populismo fiscal, impulsionado pela chegada de Gleisi Hoffmann ao Ministério das Relações Institucionais, marca um novo capítulo de tensões internas no governo. Gleisi, que se opôs abertamente à austeridade fiscal defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, assume o cargo em meio a uma disputa interna que pode resultar em impactos profundos para a economia brasileira.

A escolha de Gleisi, ex-presidente do PT, representa um movimento claro do governo em priorizar medidas populistas. Em documentos divulgados pelo PT no fim de 2023, Gleisi e o partido atacaram ferozmente o que chamaram de “austericídio fiscal”. Apesar das tentativas de minimizar suas críticas, a frase ressoou negativamente, resultando em uma alta no dólar e um aumento nas pressões inflacionárias. Agora, Gleisi terá que navegar em um cenário de forte instabilidade fiscal e interna.

Entre suas primeiras tarefas está a aprovação do Orçamento de 2025 no Congresso, com foco em ajustes populistas como o projeto “Gás para Todos” e o programa de assistência a estudantes carentes, “Pé-de-Meia”. O primeiro, uma proposta de ampliação do benefício do Auxílio Gás para 20 milhões de famílias, custa R$ 3,4 bilhões, mas não estava previsto no orçamento, o que gerou um bloqueio do Tribunal de Contas da União (TCU), que exigiu a inclusão de todo o custo no Orçamento.

Além disso, Gleisi terá que lidar com a pressão crescente por emendas parlamentares e a necessidade de ajustar o financiamento de medidas populares sem ferir a meta fiscal, como já alertado pelo ministro Haddad. O desafio é monumental: conciliar os projetos de Lula com a necessidade de cortar despesas para manter o déficit primário zerado.

O risco de um desajuste fiscal é iminente. A nomeação de Gleisi traz consigo o peso de sua trajetória política, e será preciso mais do que palavras para demonstrar sua real adesão ao racionalismo econômico. Sua postura nos próximos meses será decisiva para o futuro econômico do Brasil, que ainda tenta encontrar um equilíbrio entre as promessas populistas e as exigências de austeridade fiscal.

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*Com informações Veja