A sessão desta terça-feira (18) na Câmara Municipal de Campo Grande foi marcada por tensão e desentendimentos, após o presidente da Casa, vereador Papy (PSDB), barrar o debate sobre o requerimento do vereador Júnior Coringa (MDB) para a abertura da CPI do Consórcio Guaicurus. Sob a justificativa de que a apreciação poderia inviabilizar a investigação, a decisão gerou um intenso bate-boca e acusações de blindagem ao grupo que controla o transporte público da cidade.
Coringa não poupou críticas ao presidente e à condução do procurador da Casa, Gustavo Lazzari, afirmando que ele "dirigiu os rumos da CPI com seu parecer". Em tom incisivo, o parlamentar acusou a Câmara de "passar a mão na cabeça dos empresários", destacando que, apesar dos milionários incentivos fiscais recebidos, o Consórcio oferece "péssimos salários e um serviço precário".
Durante a sessão, Papy respondeu às críticas apontando que o regimento interno limitava o tempo de fala de Coringa, reforçando que estava sendo "benevolente" ao conceder prazos estendidos. Visivelmente incomodado, Coringa rebateu: "A Comissão é regimental, mas na CCJ garantimos espaço para a minoria. Por que não aqui?"
A composição da CPI, que seguirá critérios regimentais, também deixou Coringa de fora do grupo de investigação, já que o MDB não tem bancada suficiente para assegurar uma vaga. Essa exclusão reforçou as críticas de falta de transparência e alimentou o clima de desconfiança sobre a condução das investigações.
Além dos embates internos, a decisão da Câmara repercutiu negativamente fora dos muros da Casa. O grupo Coletivo Linha Popular protocolou uma nota de repúdio ao parecer do procurador Lazzari, acusando-o de comprometer a apuração dos fatos. "Impedir uma investigação profunda transforma a CPI em uma mera encenação, frustrando as expectativas da população", diz o texto.
Enquanto isso, a polêmica sobre o transporte público de Campo Grande continua ganhando novos contornos, com suspeitas de fraude e desequilíbrio econômico no contrato de concessão. Mesmo antes de começar, a CPI já carrega o estigma de ser insuficiente para atender às demandas da sociedade.
A disputa pelo controle da narrativa e pela participação na CPI mostra que os interesses políticos e as vitrine de exposição prevalecem, enquanto o transporte público segue como alvo de críticas e insatisfação popular. Resta saber se a Casa terá capacidade de conduzir uma investigação capaz de responder às demandas da população ou se será mais um capítulo de frustrações no histórico da cidade.
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*Com informações Midiamax