O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tomou uma decisão histórica ao elevar a Selic para 14,25% ao ano, a maior taxa desde 2016, trazendo consequências drásticas para a economia brasileira. Em meio a um cenário de inflação crescente e setores da economia pressionados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez questão de reforçar que a mudança no direcionamento da taxa não pode ser feita de maneira abrupta, alegando que o novo governo deve administrar com responsabilidade o que foi deixado pela gestão anterior.
O aumento da taxa de juros, que se alinha com a previsão do Copom, impacta diretamente setores como transportes, agronegócio, varejo, construção civil e propriedades comerciais. Para os especialistas, essa escalada na Selic é um obstáculo significativo para as empresas que dependem de crédito, o que poderá reduzir investimentos e sufocar o crescimento econômico no curto e médio prazos.
Renato Franco, sócio fundador da Íntegra Associados, alerta que o atual patamar de juros não é insustentável por si só, desde que os ajustes necessários sejam feitos em tempo hábil. No entanto, ele avisa que o aumento prolongado da taxa pode levar a um número crescente de pedidos de recuperação judicial e até mesmo falências. Em 2023, foram registrados 2.273 pedidos de recuperação judicial, um aumento de 61,8% em relação ao ano anterior, e a projeção é de que esse número cresça até 2027.
Enquanto setores essenciais, como saúde e alimentos, podem se beneficiar da desvalorização cambial e da maior previsibilidade de receita, os demais enfrentam dificuldades crescentes. As empresas de transporte, por exemplo, estão particularmente vulneráveis devido à alavancagem financeira, com muitas dívidas atreladas ao CDI.
Essa decisão, que foi antecipada nas reuniões do Copom, também reflete o desafio de controlar a inflação sem a necessidade de recessão, como afirmou Haddad em sua entrevista. O governo federal busca administrar a economia de forma que seja possível o crescimento sustentável, sem que o país entre em um ciclo recessivo.
A pressão sobre o governo e o Banco Central para uma ação mais estratégica é crescente, já que a economia brasileira se encontra em um ponto crucial. A continuidade dos aumentos da taxa de juros poderá ter um impacto profundo no futuro próximo, e os efeitos dessa política monetária já são visíveis no mercado, com o aumento no número de empresas lutando para se manter em operação e no crescimento das dívidas corporativas.
Com o Copom sinalizando mais aumentos pela frente, a capacidade do governo em gerenciar essa pressão será testada. A economia, já fragilizada, enfrenta um dilema onde cada decisão sobre a Selic pode ser determinante para a recuperação ou agravamento da crise.
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*Com informações CNN