Polícia Troca-troca
Troca de delegadas na Deam após feminicídio de Vanessa Ricarte gera questionamentos sobre o atendimento
Remoções ocorreram 45 dias após a morte da jornalista, com apurações da Corregedoria confirmando o cumprimento dos protocolos, mas críticas sobre falhas no acompanhamento
27/03/2025 09h47
Por: Tatiana Lemes
Foto: Henrique Kawaminami

Após a repercussão do feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, assassina­da a facadas pelo músico Caio Nascimento em fevereiro deste ano, mudanças significativas ocorreram na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Nesta quinta-feira (27), três delegadas, incluindo a titular da unidade, foram removidas de suas funções. As alterações geraram questionamentos sobre o atendimento prestado à jornalista, que antes de ser morta, havia buscado ajuda na delegacia.

As delegadas Riccelly Maria Albuquerque, que registrou o boletim de ocorrência de Vanessa, e Lucélia Constantino, que atendeu a jornalista na solicitação da medida protetiva, foram removidas para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac). A remoção de Riccelly foi realizada "ex-officio", ou seja, sem sua solicitação, enquanto Lucélia fez a solicitação de mudança. A ex-titular da Deam, Elaine Benicasa, também foi transferida a pedido e assumirá funções na Delegacia-Geral da Polícia Civil (DGPC).

As mudanças foram publicadas no Diário Oficial e ocorrem 45 dias após o feminicídio de Vanessa e sete dias após a Corregedoria da Polícia Civil concluir que as delegadas seguiram os protocolos estabelecidos no atendimento à jornalista. Apesar de a Corregedoria ter indicado que todos os procedimentos foram cumpridos, o governador Eduardo Riedel apontou falhas na comunicação e notificação da Justiça sobre o agressor.

O caso de Vanessa ganhou maior visibilidade após áudios da jornalista, gravados pouco antes de sua morte, indicarem possíveis erros no atendimento recebido na Casa da Mulher Brasileira. Vanessa relatou que, após registrar o boletim de ocorrência na madrugada do dia 12 de fevereiro, voltou à delegacia à tarde para buscar a medida protetiva. No entanto, ela não foi informada adequadamente sobre os trâmites, e Caio não recebeu a intimação a tempo. Além disso, a notificação para a Guarda Civil Metropolitana, que deveria acompanhar a jornalista até sua residência, não foi efetivada.

Diante das falhas identificadas, o Governo do Estado iniciou um pente-fino nos 6 mil boletins de ocorrência registrados na Deam. Além disso, um convênio foi firmado com a Polícia Militar e Civil para agilizar o cumprimento de medidas protetivas, com a intimação dos agressores sendo realizada de forma imediata.

Para reforçar o trabalho da delegacia, quatro escrivães foram designados para a Deam, e novas delegadas, como Cynthia Karoline Bezerra Gomes Tapias e Laís Mendonça Alves, foram designadas para assumir os plantões.

O secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, afirmou que as remoções das delegadas foram motivadas por um apelo emocional, e que, com a apuração da Corregedoria concluída, era necessário dar nova dinâmica ao atendimento na Deam. A nomeação de um novo coordenador para a delegacia está prevista para os próximos dias, conforme o governador Eduardo Riedel, que afirmou que a decisão será tomada pelo vice-governador Barbosinha.

O caso de Vanessa Ricarte continua sendo investigado, com a apuração das falhas no atendimento à jornalista e a criação de novas estratégias para proteger mulheres vítimas de violência no estado.

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*Com informações Campo Garnde News