Diante do aumento da rejeição e do derretimento da aprovação popular, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu recorrer mais uma vez ao eleitorado que sempre fez questão de ignorar e atacar: os evangélicos. Em jantar reservado com senadores, na última quarta-feira (2), o petista ouviu conselhos de aliados para tentar recuperar sua imagem rumo a 2026 — entre eles, o velho discurso de “reaproximação” com a comunidade cristã.
A orientação partiu de integrantes da bancada evangélica no Senado, como Eliziane Gama (PSD-MA) e Carlos Viana (Podemos-MG), que sugeriram a Lula retomar o diálogo com o eleitorado cristão. A mesma base que, nas últimas eleições, rejeitou em massa a candidatura do petista, e que continua sendo hostilizada por setores aliados ao governo, como mostra o histórico recente de embates com ministros e declarações desrespeitosas à fé.
O encontro aconteceu justamente no mesmo dia em que uma nova pesquisa Genial/Quaest expôs o desgaste crescente da gestão petista: a desaprovação do governo subiu 7 pontos e alcançou 56%, enquanto a aprovação caiu 6 pontos, chegando a apenas 41%. O recado foi claro, e Lula sentiu.
Durante o jantar, o presidente fez um mea-culpa e reconheceu que a comunicação do governo é falha. Mas o que chamou atenção foi o retorno da velha estratégia: usar os evangélicos como escada eleitoral. Ignorados e ridicularizados ao longo de sua campanha e do início do mandato, os fiéis agora são vistos como peça-chave para a sobrevida política de Lula.
A tentativa de reconquista vem sem qualquer autocrítica concreta sobre os ataques do governo a valores religiosos, ou as perseguições abertas a líderes e igrejas. É como se bastasse um aceno simbólico para apagar anos de desdém e desconfiança.
Enquanto isso, os senadores também aproveitaram o encontro para criticar duramente a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por travar obras importantes na região Norte, como a BR-319 e a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Os parlamentares reforçaram que, além de um discurso mais afinado, Lula precisa tomar decisões práticas se quiser manter algum prestígio fora da bolha progressista.
Fica o alerta: a tentativa de aproximação com os evangélicos pode até ser estratégica, mas soa hipócrita diante de um histórico de confrontos e desprezo. O eleitor cristão, cada vez mais politizado, não deve esquecer quem esteve ao seu lado — e quem só se lembra dele em ano pré-eleitoral.
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