O Partido dos Trabalhadores (PT) tenta, mais uma vez, se reaproximar do público evangélico, lançando em maio o curso "Fé e Democracia para Evangélicos e Evangélicas", em São Paulo. A iniciativa, promovida pela Fundação Perseu Abramo, busca suavizar a rejeição ao governo Lula, que atinge 49% desse segmento, segundo o Datafolha. Contudo, a estratégia tem sido vista como tardia e oportunista por líderes religiosos e analistas políticos.
A ação ocorre em um momento de forte distanciamento entre o PT e a comunidade evangélica, especialmente após a eleição presidencial. Apesar de o partido já ter promovido formações e materiais direcionados ao público cristão em 2024, críticos apontam que o discurso petista se intensifica apenas em períodos eleitorais.
A deputada federal Benedita da Silva (RJ), uma das vozes religiosas no partido, liderará o projeto, que, segundo o PT, tem como objetivo fortalecer o diálogo com os evangélicos. Entretanto, opositores alegam que o movimento reflete uma visão rasa e eleitoreira, tratando a fé como ferramenta política, em vez de respeitar os valores genuínos desse eleitorado.
Estratégia ou desespero?
Lideranças evangélicas lembram que, no passado, o PT demonstrou desinteresse em estabelecer laços duradouros com o segmento religioso. O lançamento de cartilhas e vídeos direcionados, assim como as formações, são frequentemente esquecidos após os períodos de campanha.
A rejeição maciça, com apenas 19% dos evangélicos avaliando o governo Lula como bom ou ótimo, sinaliza que gestos pontuais e desconexos podem não ser suficientes para reconquistar a confiança do grupo. Para muitos, o esforço atual soa mais como uma tentativa de enganar do que um desejo real de construir pontes.
A visão do PT de que o público evangélico pode ser facilmente persuadido com discursos vazios é, segundo especialistas, um erro estratégico. "A comunidade evangélica não é ingênua. Ela quer respeito e coerência, não promessas de última hora", declarou um pastor influente no meio político.
A tentativa de recuperar apoio pode custar caro ao PT, que corre o risco de intensificar ainda mais a rejeição ao ser percebido como insincero e desrespeitoso com os valores da fé cristã.
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*Com informações O Estadão