O escândalo das fraudes no INSS desencadeou uma crise pública entre o PDT e o governo Lula, culminando na renúncia de Carlos Lupi ao cargo de ministro da Previdência na última sexta-feira (2). O gesto, interpretado como um protesto contra o tratamento dispensado pelo Palácio do Planalto, expõe um desgaste que vinha sendo alimentado por meses de insatisfação nos bastidores.
Apesar de ser um aliado histórico do PT, o PDT vinha reclamando da falta de espaço no governo e do travamento deliberado de suas emendas parlamentares. A cúpula do partido acusava o Planalto de privilegiar legendas como PSD e União Brasil, que possuem maior número de ministérios e menos tradição de apoio à agenda petista.
A situação ficou ainda mais delicada com a operação da Polícia Federal e da CGU que investigou descontos fraudulentos nos benefícios dos aposentados, manchando a imagem da Previdência e aumentando a percepção de que o ministério era uma "bomba política" para o PDT.
Poucos dias antes da operação, líderes pedetistas já haviam alertado a articulação política do governo sobre o risco de migração à oposição, caso não houvesse uma resposta às suas demandas. Parte da bancada do PDT, pressionada por eleitores em um contexto pré-eleitoral, defendeu até mesmo o apoio à urgência do projeto que concede anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, contrariando a posição oficial do partido.
Embora a cúpula pedetista tenha reiterado sua oposição ao projeto de anistia, classificando-o como um "ataque à democracia", o clima de insatisfação generalizada gera dúvidas sobre a continuidade da aliança com o PT. Com eleições municipais no horizonte, a crise pode representar um ponto de inflexão na relação histórica entre os dois partidos.
A saída de Lupi não apenas intensifica o desgaste político, mas também fragiliza a base de apoio de Lula em um momento crítico, em que o governo já enfrenta pressões internas e externas por respostas rápidas e eficientes às denúncias de fraude.
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*Com informações Veja