Mato Grosso do Sul Sistema prisional
“Fui torturado psicologicamente”: Giroto expõe horrores do sistema prisional de Mato Grosso do Sul
Ex-deputado denuncia insalubridade, omissão médica e abuso judicial após três anos em prisão preventiva
07/05/2025 11h49
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

Após passar mais de três anos em prisão preventiva durante a Operação Lama Asfáltica, o ex-deputado federal e ex-secretário de obras de Mato Grosso do Sul, Edson Giroto, rompeu o silêncio para denunciar o que chamou de “tortura psicológica e abandono” no sistema prisional do Estado.

Em entrevista ao TopMídiaNews, Giroto revelou as condições desumanas que enfrentou. “Na minha cela tinha barata, rato, escorpião. Cinquenta graus de calor dentro”, descreveu. Além disso, destacou a falta de infraestrutura básica, como o piso estourado no banheiro e a dificuldade para obter itens simples. “Para comprar um ralo 10x10 foi um sacrifício”, denunciou.

Omissão médica e descaso com a vida humana

O ex-deputado também apontou a negligência médica como outro pilar da crise carcerária. Segundo ele, presos convulsionavam sem receber socorro imediato. “Se você passar mal e cair no chão, fica oito, nove horas esperando. Não tem quem recorrer”, afirmou.

Sofrimento psicológico e críticas severas ao Judiciário

Apesar das condições físicas degradantes, Giroto enfatizou que o maior sofrimento foi mental. “A dor psicológica é muito pior do que a dor física. Ela destrói a vida, a família. Você perde tudo”, desabafou. Ele relatou ter sido privado de momentos familiares importantes, como o nascimento de um neto e o velório do próprio pai.

Em um tom mais direto, Giroto acusou o Judiciário de abuso e vaidade. Ele responsabilizou o juiz Bruno Teixeira pela sua exposição midiática. “Minha exposição foi absurda. Para ele, me condenar seria uma medalha”, criticou. Giroto também mencionou o ministro Alexandre de Moraes, afirmando que foi necessário o Supremo Tribunal Federal intervir para assegurar um julgamento isento.

Sistema prisional “falido” e apelo por mudanças

Giroto foi além e desafiou os teóricos do sistema penitenciário a viverem na realidade que ele enfrentou. “Tem muita gente recuperável, mas o sistema não está preparado para isso. Eu queria ver esses catedráticos que falam sobre sistema penitenciário viverem dentro”, provocou.

Durante sua reclusão, ele ainda tentou ajudar outros detentos, medindo pressão arterial, distribuindo remédios e apoiando os mais vulneráveis. “dentro todo mundo é igual. Quem não tomar banho e não ficar limpinho apanha. A regra é dura, mas tem regra. E todos seguem.”

Reconstrução e promessa de retorno

Atualmente dedicado ao agronegócio, Giroto afirma ter encontrado no trabalho braçal uma nova perspectiva. “Aprendi o que é trabalhar sem apoio do Estado. Quero voltar para ajudar — não por vaidade, mas por idealismo”, concluiu.

As declarações contundentes de Giroto reacendem o debate sobre o colapso do sistema carcerário brasileiro e expõem a face mais cruel de uma justiça que, segundo ele, prioriza o espetáculo em detrimento da humanidade.

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