Mato Grosso do Sul CPI
Transporte público de Campo Grande em colapso: usuários abandonados e sistema em ruínas
CPI expõe descaso, frota sucateada e descontrole na fiscalização
13/05/2025 11h39
Por: Tatiana Lemes
Foto: Divulgação

O transporte coletivo urbano de Campo Grande está à beira do colapso. Essa é a conclusão alarmante apresentada nesta segunda-feira (12), durante os depoimentos de servidores da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) à CPI do Transporte Público, na Câmara Municipal. Entre as revelações estão falhas graves de fiscalização, uma frota envelhecida e um sistema incapaz de atender às demandas da população.

Em uma das declarações mais contundentes, Luiz Carlos Alencar Filho, ex-fiscal da Agetran, classificou o sistema como “em decadência”. Ele destacou que a redução no número de usuários, somada à perda de controle sobre a idade média dos veículos — que chegou a ser de cinco anos antes da pandemia —, tornou a operação cada vez mais cara e ineficiente.

Enquanto isso, o diretor de Transporte e Mobilidade Urbana da Agetran, Henrique de Matos Moraes, apresentou dados que ilustram o tamanho do problema: somente em 2024, o Consórcio Guaicurus, operador do sistema, foi alvo de 1.726 autuações. As irregularidades incluem atrasos crônicos, omissões de viagens e falhas nos veículos reservas, deixando milhares de passageiros à mercê da precariedade.

Falhas institucionais aprofundam a crise

Para o presidente da CPI, vereador Dr. Lívio, a falta de fiscalização eficaz por parte da Agetran agrava a situação. “Os problemas de manutenção e qualidade dos veículos refletem diretamente na vida do cidadão, que sofre diariamente com um serviço deficiente”, afirmou.

A relatora da comissão, vereadora Ana Portela, ampliou o debate ao cobrar maior rigor na gestão do contrato com o Consórcio. “Não basta responsabilizar a empresa operadora; é preciso que o poder público exerça seu papel de fiscalização com eficiência e compromisso.”

Além disso, a CPI revelou ter recebido 485 denúncias de usuários, que apontam atrasos constantes, ônibus sucateados e falhas frequentes no serviço. Com a próxima audiência marcada para esta quarta-feira (14), a expectativa é que o diretor-presidente da Agetran, Paulo da Silva, explique por que a agência não consegue impor mudanças efetivas no sistema.

O dilema do transporte público

O cenário em Campo Grande é um reflexo de uma crise que se agrava anos. A falta de investimentos, somada à inércia do poder público e à incapacidade das empresas em oferecer um serviço de qualidade, está levando o transporte coletivo a uma situação insustentável. Para a população, resta a incerteza de quando — ou se — essa realidade será transformada.

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