Política Anistia
PL pressiona Câmara com nova proposta de anistia, mas divergências internas expõem fragilidade da sigla
Partido recua em plano inicial e tenta emplacar anistia limitada para envolvidos nos atos de 8 de janeiro
23/05/2025 11h07
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

O Partido Liberal (PL) voltou a movimentar o cenário político ao enviar uma nova proposta de anistia ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O texto revisado busca perdoar crimes contra o Estado Democrático de Direito para aqueles que participaram diretamente dos ataques de 8 de janeiro de 2023, mas limita o alcance da medida, excluindo danos civis decorrentes da depredação de bens públicos e privados.

Embora a proposta represente um recuo em relação à ideia inicial de anistia ampla e irrestrita – que visava beneficiar figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no STF – o tema continua a dividir opiniões dentro e fora da sigla. “Ficam anistiadas pessoas físicas que tenham participado diretamente de manifestações ocorridas em 8 de janeiro de 2023, em Brasília”, aponta o texto, que tenta equilibrar a narrativa de justiça com a pressão de sua base mais radical.

No entanto, a iniciativa enfrenta barreiras significativas. Hugo Motta sinalizou que só levará o tema à pauta caso exista um texto com chances reais de aprovação, evitando novo embate direto com o Supremo Tribunal Federal. Enquanto isso, lideranças do PL, como os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Domingos Sávio (PL-MG), permanecem divididas entre a urgência do debate e a possibilidade de criação de uma comissão especial para análise do projeto.

“Não podemos ignorar o sofrimento de pessoas presas injustamente”, declarou Sávio, reforçando o tom emocional que permeia o discurso da sigla. A líder da maioria, deputada Carol de Toni (PL-SC), defendeu a criação de uma comissão como alternativa para destravar a discussão, mas voltou a insistir que o relator do texto seja um aliado próximo ao bolsonarismo, como o deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE).

As idas e vindas do PL demonstram não apenas a dificuldade em unificar sua base, mas também a pressão crescente de eleitores e parlamentares alinhados ao bolsonarismo. Apesar da nova proposta, a estratégia da sigla parece estar longe de encontrar consenso dentro da Câmara, onde o tema da anistia permanece travado e envolto em controvérsias.

Com mais um capítulo de indefinições, o futuro do projeto ainda depende de uma articulação que equilibre os interesses da oposição, os limites impostos pelo STF e a imagem já desgastada do partido diante da opinião pública.

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*Com informações Metrópoles