Mato Grosso do Sul CPI Transportes
Consórcio Guaicurus: lucro milionário e frota sucateada expõem omissão do poder público
Enquanto empresa fatura R$ 68,5 milhões em cinco anos, população paga caro por transporte degradado e falta transparência financeira
26/05/2025 10h24
Por: Tatiana Lemes
Foto: Divulgação/Câmara Municipal

A CPI do Consórcio Guaicurus joga luz sobre uma das maiores contradições do transporte público de Campo Grande: a alegada crise financeira do grupo que administra o serviço não bate com os números oficiais. Relatora da comissão, a vereadora Ana Portela (PL) apontou que os dados entregues pelo consórcio revelam um cenário financeiro distante do déficit declarado, com lucro líquido de R$ 68,5 milhões em cinco anos, conforme perícia judicial.

Enquanto isso, a frota circula envelhecida e sucateada, com ônibus que descumprem cláusulas contratuais e sujeitam os usuários a um serviço caro e precário. Mesmo diante dessas irregularidades, o consórcio segue recebendo do Executivo e Legislativo cerca de R$ 64 milhões em subsídios e isenções fiscais — sem que haja uma fiscalização rigorosa sobre o real uso desse dinheiro ou a comprovação efetiva de prejuízos.

Ana Portela não poupa críticas: “Não existe empresa no mundo que suporte anos de prejuízo, principalmente sem comprovação concreta. É uma matemática que não fecha e um absurdo que o poder público aceite isso.” A parlamentar anunciou a abertura de nova perícia para analisar minuciosamente os documentos financeiros do grupo, diante da falta de transparência e contradições nos dados apresentados.

A Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) determinou ainda a substituição de 98 veículos velhos, sob pena de multa pesada, mas a troca dos ônibus parece mais uma medida paliativa do que uma solução estrutural para um problema que envolve má gestão e permissividade das autoridades.

O cenário evidencia um verdadeiro descaso com a população, que paga caro por um serviço que não atende ao mínimo esperado, enquanto empresários e agentes públicos parecem fechar os olhos para a saúde financeira real do transporte coletivo. A CPI avança e promete cobrar explicações, mas a pergunta que fica é: até quando o usuário continuará sendo penalizado por essa engrenagem viciada?

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*Com informações Midiamax