Em meio a uma onda de críticas que abalam o governo e tensionam as relações com o Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou, nesta terça-feira (4), qualquer erro na proposta de elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida, apresentada às pressas pela equipe econômica, foi alvo de forte rejeição, tanto no mercado quanto no Legislativo, colocando o governo sob fogo cruzado.
O presidente justificou que a proposta emergiu diante da exigência do STF (Supremo Tribunal Federal) por compensação para a desoneração da folha de pagamento. Segundo Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, agiu rapidamente para atender à pressão por uma resposta imediata. “Quando aprovaram a desoneração, já sabiam que havia uma decisão da Suprema Corte exigindo compensação. O Haddad, no afã de dar uma resposta rápida à sociedade, apresentou uma proposta”, declarou Lula em entrevista no Palácio do Planalto.
A proposta de aumento do IOF gerou uma mobilização rara no Congresso, que ameaçou derrubar o decreto — algo que não ocorre há mais de duas décadas. Para evitar um revés político, o governo ganhou um prazo de dez dias para apresentar uma alternativa viável.
Nos bastidores, líderes parlamentares expressaram insatisfação com a falta de diálogo prévio. Lula, no entanto, afirmou que está empenhado em construir um consenso. “Hoje vai ter um almoço na minha casa com todas as pessoas envolvidas nessa discussão. A ideia é saber se o acordo está feito ou não, para que possamos anunciar a compensação necessária para colocar nossas contas em ordem.”
A equipe econômica mantém sob sigilo as alternativas ao aumento do IOF, mas Haddad classificou como “decisiva” a reunião realizada na segunda-feira (2) com os presidentes da Câmara e do Senado. “Foi uma excelente conversa. Apresentamos ponto por ponto as sugestões que já haviam sido levantadas por parlamentares”, revelou o ministro.
Haddad também ressaltou que as medidas em discussão têm potencial para gerar impacto positivo nas contas públicas, garantindo maior estabilidade econômica sem prejudicar a população. “O plano de voo está bem montado. Queremos que tudo esteja resolvido antes da viagem do presidente para a França, para que ele possa viajar com tranquilidade.”
A pressão para encontrar soluções eficazes vai além do Congresso e do mercado financeiro. O episódio evidenciou as fragilidades na articulação política do governo, reacendendo debates sobre a capacidade de Lula e sua equipe de responder às demandas fiscais sem comprometer a confiança dos atores econômicos e políticos.
Resta saber se o consenso político almejado será suficiente para salvar o pacote fiscal e restaurar a confiança em um governo que enfrenta seu momento mais desafiador no campo econômico desde o início do mandato.
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*Com informações R7