Política Emendas
Ministra Gleisi Hoffmann alerta para cortes em emendas caso Congresso rejeite MP do pacote fiscal
Enquanto Câmara vota urgência para derrubar aumento do IOF, governo defende taxação de fundos e reforça diálogo com parlamentares
16/06/2025 10h35
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), que lidera as negociações entre o Executivo e o Congresso, comentou nesta segunda-feira (16) os desafios em aprovar a Medida Provisória (MP) que integra o novo pacote fiscal do governo. A entrevista foi concedida ao jornal Valor Econômico no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados vota o pedido de urgência para o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que visa suspender o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Gleisi reforçou que o governo está empenhado em manter o diálogo com os parlamentares, mas deixou claro que a rejeição da MP resultará em necessidade de novos cortes orçamentários, especialmente nas emendas parlamentares. “As emendas são recursos discricionários e, portanto, o Congresso também sofrerá impacto com contingenciamento, que poderá chegar a 25%. Eles já foram afetados por cortes anteriores, mas entendemos que a aprovação das medidas é fundamental”, declarou a ministra.

Questionada sobre o descontentamento dos deputados, principalmente em ano eleitoral, Gleisi reconheceu a pressão que os parlamentares recebem de suas bases, mas afirmou que não há intenção do Executivo em reter recursos. “Não é possível fazer milagres, mas nosso compromisso é liberar as emendas. Não houve intenção de bloquear o orçamento”, afirmou.

A ministra também rebateu as críticas ao aumento da tributação sobre Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Imobiliário (LCI), que passaram a ter alíquota de 5% para compensar parcialmente o recuo no aumento do IOF. “Estamos falando de taxar os rentistas, que hoje têm R$ 1,7 trilhão em benefícios fiscais. Não é o agricultor que pagará, mas investidores que até agora não contribuíam. É uma questão de justiça tributária”, explicou.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pautou a urgência do PDL após a forte pressão de bancadas e setores econômicos contrários ao aumento do IOF. O ambiente, que inicialmente era de consenso após reunião com a equipe econômica, se tornou tenso nos últimos dias. Gleisi minimizou a mudança de postura de Motta, destacando a pressão que ele sofre externamente.

Quanto às chamadas “medidas estruturantes” cobradas pelo Congresso, a ministra argumentou que as propostas enviadas pelo governo atacam privilégios fiscais que drenam recursos públicos e promovem desigualdades. “Combater privilégios é, sim, uma medida estrutural, pois ajuda a equilibrar as contas públicas e a justiça social”, afirmou.

Por fim, Gleisi revelou que temas polêmicos como a limitação de supersalários e a reforma da previdência militar serão debatidos em encontros futuros entre o Executivo e os líderes do Congresso, coordenados pelo presidente da Câmara.

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*Com informações Poder 360