Política Crise
Hugo Motta tropeça no comando da Câmara e expõe crise entre Legislativo e Executivo
Fracasso em articular pautas e agradar aliados amplia insatisfação e paralisação legislativa
17/06/2025 11h50
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A Câmara dos Deputados viveu uma noite de ruptura na segunda-feira (16), quando a suspensão do decreto de aumento do IOF foi aprovada por esmagadores 346 votos a 97. A derrota do governo escancarou a fragilidade do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), incapaz de equilibrar os interesses do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e da oposição, agravando um cenário de paralisia legislativa.

Motta, que assumiu a presidência com a promessa de neutralidade e articulação, hoje enfrenta críticas de todos os lados. Governistas apontam sua “fraqueza” por não garantir vitórias estratégicas, enquanto a oposição celebra a incapacidade do líder em impor ritmo às pautas. Mesmo diante de ameaças do governo de cortar emendas parlamentares, Motta não conseguiu evitar o descontrole que culminou na reprovação do decreto de aumento do IOF, deixando o Palácio do Planalto ainda mais vulnerável.

Paralisia e desgaste político

A hesitação de Hugo Motta em pautar questões decisivas, como a anistia aos réus do 8 de janeiro e a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil, intensifica o desgaste. A oposição, liderada pelo PL, acusa Motta de “engavetar” temas cruciais para proteger o governo, enquanto o Planalto lamenta sua ineficácia em aprovar projetos estruturantes.

A tentativa de Motta de costurar acordos com todas as frentes tem o efeito contrário: desagrada tanto aliados quanto adversários. Analistas políticos alertam para a crescente insatisfação na Câmara, que caminha para um estado de paralisia completa, alimentada pela incapacidade de liderança de seu presidente.

Críticas crescentes e futuro incerto

Para o governo, Hugo Motta representa um entrave. Para a oposição, uma oportunidade. Governistas o culpam pela lentidão em reformas prioritárias, enquanto oposicionistas veem no presidente da Câmara um aliado involuntário na estratégia de minar a governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Ele perdeu o controle da Casa. Sua tentativa de neutralidade o torna ineficaz, incapaz de lidar com a polarização política que domina o Congresso”, avalia Adriano Cerqueira, cientista político da UFOP.

Apesar das críticas, há quem veja potencial em Motta. Especialistas como Marcus Deois apontam que sua habilidade nos bastidores pode surpreender, especialmente diante das fragilidades do governo. Contudo, o cenário atual é de instabilidade, e a gestão de Motta já é marcada por promessas vazias, frustrações e incertezas.

Com apenas 35 anos e o desafio de liderar uma Câmara fragmentada, Hugo Motta parece cada vez mais isolado. Sua presidência, que começou com expectativa de renovação, caminha para ser lembrada como um período de crise e paralisia.

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*Com informações Gazeta do Povo