Política Ataque
Marina é alvo de ataques na Câmara e denuncia misoginia e preconceito em audiência sobre meio ambiente
Ministra reage a comparações ofensivas com grupos extremistas e acusa deputados de desrespeito, machismo e agressões pessoais durante sessão presidida por aliado de Bolsonaro
03/07/2025 10h06
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfrentou uma nova onda de ataques durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (2). Convocada para prestar esclarecimentos sobre queimadas, desmatamento e os preparativos da COP-30 em Belém, Marina foi alvo de ofensas pessoais e declarações agressivas de parlamentares da oposição — em especial do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), que a comparou a organizações como Farc, Hamas e Hezbollah.

A sessão foi presidida pelo deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), conhecido como “Gordinho do Bolsonaro”, e rapidamente se transformou em palco de tensão e confronto. Em um dos momentos mais controversos, Evair repetiu um ataque já feito em 2024, chamando Marina de “adestrada” e afirmando que sua conduta política se assemelharia à de grupos armados. “O modus operandi da ministra é o mesmo das Farcs, do Hamas, do Hezbollah”, declarou, sem apresentar qualquer justificativa concreta.

Visivelmente abalada, Marina Silva reagiu: “Fui terrivelmente agredida. O que aconteceu aqui foi num nível pior do que no Senado”, disse, em referência a uma audiência anterior em que também foi hostilizada. Ela também rechaçou as insinuações de submissão ideológica e reafirmou seu compromisso com o meio ambiente, defendendo a atuação dos servidores do Ibama e o Acampamento Terra Livre.

A ministra também foi alvo de interrupções e deboches de outros parlamentares, como o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), que tentou silenciá-la com gritos de "calma", ao que Marina respondeu: “Isso não é uma forma de se dirigir a uma mulher.” Em seguida, apontou que o tom dos ataques sofridos tinha carga machista e discriminatória. “Quando vocês levantam a voz, dizem que estão sendo incisivos. Quando uma mulher fala com firmeza, é chamada de exaltada.”

A condução da audiência pelo presidente da comissão também gerou críticas. Rodolfo Nogueira ironizou a ministra, chamando-a de “paladina da sustentabilidade”, e ignorou pedidos de ordem de aliados do governo, que denunciavam o desrespeito à autoridade de Marina.

No encerramento, a ministra disse estar “tranquila e em paz”, e revelou ter feito uma oração antes da sessão. Em tom firme, dirigiu-se a Evair: “Que Deus julgue entre eu e vossa excelência e dê seu veredito.”

A postura da oposição gerou reações imediatas nas redes sociais e dentro do Congresso. Parlamentares da base aliada acusaram os deputados de promover ataques misóginos, racistas e de desrespeitar uma das mais reconhecidas líderes ambientais do país. A expectativa agora é de que a conduta de alguns parlamentares seja questionada junto ao Conselho de Ética.

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*Com informações Correio do Estado