Política Autuação
Alexandre de Moraes abre apuração contra senador Marcos do Val
Em 5 dias, a VEJA, CNN e Globo News terão que liberar as entrevistas com Do Val
04/02/2023 05h18 Atualizada há 3 anos
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Do Val afirmou que Moraes não fez nada sobre a reunião

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu abrir apuração contra o senador Marcos do Val (Podemos-ES), que, na última quinta-feira (2), denunciou uma reunião realizada pelo ex-deputado Daniel Silveira e o ex-presidente, Jair Bolsonaro, que permaneceu em silêncio durante toda o encontro.

De acordo com a decisão, Moraes determinou que “seja autuada petição autônoma e sigilosa, a ser instruída, inicialmente, com a cópia do pedido da Polícia Federal para autorização da realização de sua oitiva, com o despacho de autorização e com o inteiro teor de seu depoimento”.

Segundo o ministro, o senador Marcos do Val “apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas”, havendo assim “a pertinência e necessidade de diligência para o seu completo esclarecimento, bem como para a apuração dos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo”.

No despacho, Moraes também expediu um ofício para os veículos de comunicação VEJA, CNN e Globo News, para que forneçam em até cinco dias as entrevistas que foram concedidas por Do Val.

Na quinta-feira (2), o senador Marcos do Val afirmou em entrevista que o ex-deputado federal Daniel Silveira (PL-RJ) o levou a uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para grampear Alexandre de Moraes.

Do Val também confirmou que havia avisado o ministro Alexandre de Moraes sobre o plano. De acordo com o relato do senador, a ideia de Silveira, apresentada a Do Val e Bolsonaro na reunião, incluía gravar Moraes em busca de declarações comprometedoras do ministro.

Na mesma entrevista, o senador disse que Jair Bolsonaro permaneceu em silêncio durante o encontro.

A aliados, Bolsonaro afirmou que quem fez a convocação para a reunião em que foi tratado o golpe de Estado foi o ex-deputado federal Daniel Silveira, no dia 7 de dezembro, e que na época, teria ficado em silêncio com receio do descontrole de Daniel Silveira.

Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), no dia 2, Do Val confirmou que o ex-deputado Daniel Silveira queria que o senador gravasse o ministro Alexandre de Moraes, no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição, e que Silveira daria um jeito de tornar a gravação legal.

Ele disse também que Silveira afirmou que poderiam ser usadas as estruturas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), mas que não acreditava que as instituições se envolveriam no plano.

Do Val disse que se sentiu desconfortável com a proposta e, para encerrar o assunto, pediu alguns dias para pensar e que deveria avisar rapidamente ao ministro Alexandre de Moraes. Neste momento, Jair Bolsonaro teria dito que o aguardaria.

“Durante toda a conversa, o ex-presidente manteve-se calado. Que a sensação que teve era que o ex-presidente não sabia do assunto e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento tanto dele como de Bolsonaro”, afirmou em trecho do depoimento.

Também na quinta-feira, o ex-deputado Daniel Silveira foi preso por descumprimento de medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).