Longe do Brasil e mergulhado em articulações internacionais nos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) resolveu mirar seus ataques em figuras antes consideradas pilares da direita bolsonarista. Em tom de ruptura, o parlamentar criticou abertamente a senadora sul-mato-grossense Tereza Cristina (PP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), evidenciando o racha interno no campo conservador.
Residente no Texas desde sua licença da Câmara dos Deputados, Eduardo passou a chamar de “lei inócua” o projeto de reciprocidade econômica aprovado pelo Congresso e recém-regulamentado por Lula. A proposta, que permite ao Brasil retaliar parceiros comerciais como os EUA, foi relatada no Senado justamente por Tereza Cristina, antiga ministra da Agricultura de Jair Bolsonaro. Agora, segundo Eduardo, a medida só serve para fortalecer o discurso institucional do presidente petista.
“É estranho ver gente da direita apoiando esse tipo de projeto. Deram a Lula a chance de posar como defensor do Brasil”, disparou o deputado, ao lembrar que a iniciativa foi conduzida por Tereza no Senado. A fala evidencia um desconforto cada vez mais explícito com lideranças que adotaram posturas pragmáticas diante do novo cenário político e econômico.
Mas as críticas mais duras foram reservadas a Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e virtual presidenciável da direita pós-Bolsonaro. Eduardo se disse traído por Tarcísio, que tentou negociar com a embaixada americana uma saída diplomática para as tarifas de 50% impostas por Donald Trump a produtos brasileiros. “Isso é um desrespeito. Eu estou aqui articulando com o próprio Trump, não precisa de Itamaraty”, ironizou o deputado, em tom de autossuficiência.
Eduardo deixou claro que não pretende retornar ao Brasil tão cedo. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, afirmou que sua volta está condicionada a uma mudança de cenário jurídico. “Minha data de retorno é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender”, disse, numa referência direta ao ministro do STF que conduz inquéritos contra seu pai e a ala mais radical do bolsonarismo.
Com a licença parlamentar próxima do fim, Eduardo corre o risco de perder o mandato caso não retorne. Ainda assim, ele mantém a postura de confronto, mesmo que sua articulação nos bastidores beneficie, indiretamente, o governo Lula — algo que o próprio deputado admite sem arrependimento.
A ofensiva de Eduardo Bolsonaro joga luz sobre a fragmentação da direita brasileira, onde o radicalismo do núcleo bolsonarista começa a se chocar com a estratégia mais moderada de figuras como Tarcísio e Tereza Cristina. Enquanto isso, o exílio político do filho 03 do ex-presidente torna-se um capítulo à parte na novela da sucessão da direita no Brasil.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e siga nossas redes sociais.