A cena política em Mato Grosso do Sul pode estar prestes a viver uma ruptura histórica dentro de uma das famílias mais tradicionais do Estado: os Trad. De um lado, o senador Nelsinho Trad (PSD), que articula discretamente sua permanência no Senado com apoio da base governista estadual — formada por Eduardo Riedel (PSDB), Reinaldo Azambuja (PSDB) e setores do bolsonarismo. De outro, o irmão, o ex-deputado federal Fábio Trad, cada vez mais cortejado pelo PT e próximo de aceitar um convite formal para disputar o governo do Estado em 2026.

Nos bastidores, a movimentação petista é vista com apreensão. A eventual entrada de Fábio na corrida estadual como nome do presidente Lula em Mato Grosso do Sul criaria um eixo de polarização inédito, quebrando a lógica de alianças tradicionais no Estado e colocando em xeque a solidez do campo conservador que domina a política local desde a queda do MDB.

A preocupação de Nelsinho ficou evidente durante entrevista a uma rádio local, quando o senador admitiu que tenta demover o irmão da ideia de se lançar candidato. Sem esconder o incômodo, ele mencionou o "assédio" político que Fábio vem sofrendo e se disse temeroso de que a vaidade pese mais do que a razão. “Como Trad mais velho da família, tenho o dever de orientar”, pontuou, sugerindo que uma candidatura do irmão pode comprometer o próprio equilíbrio interno da família — e da política regional.

Fábio, por sua vez, mantém discrição pública, mas nos bastidores já admitiu que quer dialogar diretamente com a cúpula do PT nacional antes de tomar qualquer decisão. O gesto já foi entendido como uma sinalização de que a disputa majoritária está no seu radar, o que incomoda ainda mais o entorno de Riedel e os articuladores bolsonaristas no Estado.

O cenário que se desenha não é apenas uma divisão entre irmãos, mas a possibilidade real de um novo campo político emergir com força em Mato Grosso do Sul — agora com apoio direto de Lula e seus aliados. Caso Fábio aceite o convite, será a primeira vez que um nome com o peso da família Trad entra em confronto direto com a máquina estadual conservadora, tendo a esquerda como base.

Mais do que uma disputa familiar, trata-se de uma batalha simbólica entre dois projetos de poder — e 2026 pode ser o palco dessa colisão.

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*Com informações Investiga MS